26 março, 2008

A PAIXÃO


"Adoro olhar o mar...
Ele me lembra as grandes
Paixões, os amores impossíveis...
O mar tem a dimensão infinita.
Do inatingível e do inabordável.
A tentação perene do mistério.
Assim como a paixão, o mar é indomável,
absoluto, envolvente, profundo.
Assim como o mar, a paixão é atraente,
e jamais sabemos onde acaba.
Assim como o mar, a paixão é misteriosa.
de uma beleza imensa, mas cheia de perigos
Assim como a paixão, o mar devora-nos
totalmente,
ou deixa-nos à deriva... sem piedade.
Em ambos há o mergulho.
Há a deliciosa sensação de saber-se vivo.
No mar, o frescor do azul tranquiliza-nos
Na paixão, o vermelho tesão funde-nos com um
outro ser.
Mergulhando na paixão,
Como náufrago de amor.
ou mergulhando no mar,
para deixar de sofrer.
Há sempre o perigo de ser tragado
afundando-nos para sempre,
e não mais voltar...
ou retornar numa onda, para a vida, outra
vez...”

* Lisiê Silva & Alberto Peyrano*


18 março, 2008

Busquei no horizonte uma
forma nova de ser feliz....
Nada achei !!!
Busquei na meia-noite uma
maneira suave de sonhar ...
Não adormeci !!!

Busquei então, onde a razão
não pode alcançar,
fui dentro de mim, bem profundo
E quase sem querer te descobri
por entre letras mágicas e
risos escondidos ...

Tenho tanto sentimento
Que é freqüente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.

Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.

Qual porém é a verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar.

Fernando Pessoa*

16 março, 2008

O que sou...

Cada vez mais me confunde;
como devo parecer...
O que sou,
não me importa;
sinto-me em casa,
na minha pele...
O que me (re)veste o pudor
é o olhar incriminatório
dos desprovidos de liberdade.

Como é grande o mundo
que eu sonho inventar;
ainda agora nasci...
Tenho muito tempo,
até me multiplicar,
para me saber
e sair do meu quarto.

*João M. Jacinto*

Diante do teu olhar
como num encanto
te descubro
menina-mulher.

Meus sentidos
enlouquecidos
buscam no teu sorriso
a calma que eu procurava.

Enebriado com teus traços
minha razão vaga solta
e se entrega a emoção
que sucumbe aos teus encantos.

Como um menino acanhado
vislumbro teus lábios
e sonhando te beijo
num anoitecer que só eu criei.

Te vejo menina
com sonhos tão doces
te quero mulher
com este brilho que é só teu.

Ternura, meiguice, afeto
tudo isso escorre de você
como numa fonte de sentimentos
sacia minha sede...quero você.

*Edgar Radins*

*

*ULTIMATO*


.

Eu quis ser tantas coisas
– ou ao menos, mais que isso –
ir muito além de esposa...
criar...
meus próprios paraísos.
Só não sabia que as escolhas
implicavam em sacrifícios
e vícios tamanhos...

O que eu faço agora...
se essa vida contrasta
com a imensidão dos sonhos?

Na verdade, venho há tempos...
exilando-os em mim mesma,
sobrevivendo de aparências,
presa ao marasmo do cotidiano...
tenho então, evitado conflitos
– na voz passiva –
e como um barco de desejos à deriva...
apenas prossigo.

Mas qualquer hora dessas
eu renasço...
saio sozinha, ganho a rua,
deixo tudo para trás,
em busca da alegria.
Não será sempre assim...
dia desses, crio coragem,
quem sabe até me mando,
assumo outra identidade...

Certo é que... não será hoje!
– tomara, não seja tarde... –
Só não me pergunte ‘quando’...

- Rita Costa & André L. Soares -

.

11 março, 2008

*Daniel na cova dos Leoes*


Aquele gosto amargo do teu corpo
Ficou na minha boca por mais tempo
De amargo então salgado ficou doce,
Assim que o teu cheiro forte e lento
Fez casa nos meus braços e ainda leve
E forte, cego e tenso fez saber
Que ainda era muito e muito pouco.
Faço nosso o meu segredo mais sincero
E desafio o instinto dissonante.
A insegurança não me ataca quando erro
E o teu momento passa a ser o meu instante.
E o teu medo de ter medo de ter medo
Não faz da minha força confusão
Teu corpo é meu espelho e em ti navego
E eu sei que tua correnteza não tem direção.
Mas, tão certo quanto o erro de ser barco
A motor e insistir em usar os remos,
É o mal que a água faz quando se afoga
E o salva-vidas não está lá porque
Não vemos



Renato Russo*



=] Lindo!






08 março, 2008

*Canção das mulheres*


Que o outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas demais.

Que o outro note quando preciso de silêncio e não vá embora batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos porque estou quieta.

Que o outro aceite que me preocupo com ele e não se irrite com minha solicitude, e se ela for excessiva saiba me dizer isso com delicadeza ou bom humor.

Que o outro perceba minha fragilidade e não ria de mim, nem se aproveite disso.

Que se eu faço uma bobagem o outro goste um pouco mais de mim, porque também preciso poder fazer tolices tantas vezes.

Que se estou apenas cansada o outro não pense logo que estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais.

Que o outro sinta quanto me dóia idéia da perda, e ouse ficar comigo um pouco - em lugar de voltar logo à sua vida.

Que se estou numa fase ruim o outro seja meu cúmplice, mas sem fazer alarde nem dizendo ''Olha que estou tendo muita paciência com você!''

Que quando sem querer eu digo uma coisa bem inadequada diante de mais pessoas, o outro não me exponha nem me ridicularize.

Que se eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a compostura, o outro ainda assim me ache linda e me admire.

Que o outro não me considere sempre disponível, sempre necessariamente compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser nada disso.

Que, finalmente, o outro entenda que mesmo se às vezes me esforço, não sou, nem devo ser, a mulher-maravilha, mas apenas uma pessoa: vulnerável e forte, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa - uma mulher.

- Lya Luft -

**Time (tradução) Lyrics - Pink Floyd**



Tempo


As horas passam marcando os momentos

Que se vão, que formam um dia monótono

Você desperdiça e perde as horas

De uma maneira descontrolada

Perambulando num pedaço de terra

Na sua cidade natal

Esperando alguém ou algo

Que venha mostrar-lhe o caminho

Cansado de deitar-se na luz do sol

De ficar em casa observando a chuva

Você é jovem e a vida é longa

Há tempo de viver o hoje

E depois, um dia você descobrirá

Que dez anos ficaram para trás

Ninguém te disse quando correr

Você perdeu o tiro de partida

E você corre e corre para alcançar o sol

Mas ele está indo embora no horizonte

E girando ao redor da Terra para se levantar

Atrás de você outra vez

O sol permanece, relativamente, o mesmo

Mas você está mais velho

Com o fôlego mais curto

E a cada dia mais próximo da morte

Cada ano está ficando mais curto

Nunca você parece ter tempo.

Planos que tampouco deram em nada

Ou em meia página de linhas rabiscadas

Insistindo num desespero quieto

É a maneira inglesa

O tempo se foi, a canção terminou

Pensei que tivesse algo mais a dizer

Quem gostou da Ideia