30 setembro, 2010


Tá vendo a felicidade ali na frente?
Não, você não tá vendo, porque tem uma montanha de dor na frente. Continue andando. Você vai subir, vai sentir frio lá em cima, cansaço. Vai querer desistir, mas não vai desistir, porque você é forte e porque depois do topo a montanha começa a diminuir e o único jeito de deixá-la pra trás é continuar andando. Você vai ser feliz. Tá vendo essa dor que agora samba no seu peito de salto de agulha? Você ainda vai olhá-la no fundo dos olhos e rir da cara dela. Juro que tô falando a verdade. Eu não minto.


Vai passar.


Antonio Prata

29 setembro, 2010


Minha mãe achava estudo a coisa mais fina do mundo. Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão, ela falou comigo:
- "Coitado, até essa hora no serviço pesado''.
Arrumou pão e café, deixou tacho no fogo com água quente.
Não me falou em amor. Essa palavra de luxo."


Adélia Prado


"E se eu tivesse perguntado? E se ele tivesse me dito?
Se eu tivesse merecido saber?
Isso me atormentou por longo tempo.
Eu me sentia muito culpada.
Hoje, acredito que não saber é o que torna a vida possível".


Lya Luft- Em O Silêncio dos Amantes.


"Vivemos amores necessários e contingentes.
Embora o primeiro seja o caminho,
o repouso
e o segundo vibração e êxtase;
ao louvar os amores necessários
que tive,
não posso esquecer dos outros,
que passaram na sombra,
mas que nunca deixaram de viver em mim".

Simone de Beauvoir


"Que nada nos limite.
Que nada nos defina.
Que nada nos sujeite.
Que a liberdade seja a nossa própria substância."

Simone de Beauvoir

28 setembro, 2010


Pois viver deveria ser, até o último pensamento e o derradeiro olhar,


transformar-se!



Lya Luft


"Deus, põe teus olhos amorosos sobre todos que já tiveram um amor e de alguma forma insana esperam a volta dele: que os telefones toquem que as cartas finalmente cheguem... Amém!"


Caio Fernado Abreu


"Eu poderia ter o mesmo pai, a mesma mãe, ter frequentado o mesmo colégio e tido os mesmo professores, e seria uma pessoa completamente diferente do que sou se não tivesse lido o que eu li. Foram os livros que me deram consciência da amplitude dos sentimentos. Foram os livros que me justificaram como ser humano. Foram os livros que destruíram um a um meus preconceitos. Foram os livros que me deram vontade de viajar. Foram os livros que me tornaram mais tolerante com as diferenças."


Martha Medeiros




' Porque quando fecho os olhos, é você quem eu vejo aos lados,
em cima, embaixo, por fora e por dentro de mim. '


Caio F.

27 setembro, 2010


"Eu vou dizer-te o que farei e o que não farei. Não irei servir mais aqueles nos quais eu já não acredito, quer seja a minha casa, a minha pátria ou a minha igreja: e vou tentar exprimir-me nalguns modos de vida ou de arte tão livremente quanto possa e durante o tempo que puder, utilizando para minha defesa as únicas armas que me permito usar: - Silêncio, Exílio e Astúcia."


James Joyce - A Portrait of the Artist as a Young Man


"Alguns sentem vida, sentem beleza,sentem amor, com doses de conta-gotas.


Eu, não:


há uma chuvarada dentro de mim."


Ana Jácomo

Às vezes me parece que estou perdendo tempo,
ás vezes me parece que, pelo contrário,
não há modo mais perfeito, embora inquieto,
de usar o tempo:

o de te esperar


Clarice Lispector


Fui dormir umas vezes, tão feliz, que, se soubesse minha força, levitava.

Em outras,

tanta foi a tristeza que fiz versos.


Adélia Prado

21 setembro, 2010


Você nunca será capaz de escapar de seu coração.
Então é melhor ouvir o que ele tem a dizer.


Paulo Coelho


" Eu sou o que posso, na medida em que me permitem
Quando posso eu ultrapasso as fronteiras...
Quando nao passo do meu limite faço arte.
Sou semelhante ao rio.
Se me barram, eu aprofundo. "



Pe. Fábio de Melo

"Hoje pensei sério:
se me perguntassem o que mais desejo na vida,
não saberia responder.


Quero tudo."




Caio Fernando

19 setembro, 2010


Eu me esforço para ser cada dia melhor:



bondade também se aprende



Cora Coralina

Você - Tim Maia

Quando Eu Estiver Cantando - Renato Russo

Inédita pra mim, conheci hoje...Amei!

Legião Urbana - Giz

Momentos importantes da minha vida e outros nem tanto, como coisas do cotidiano mesmo, foram embaladas pela voz de Renato Russo. Ouvir as músicas do Legião me trás a memória uma pessoa que já fui...isso é muito gostoso de fazer num domingo nublado de setembro.

18 setembro, 2010


Não gosto de meias-palavras, de gente morna,
nem de amar em silêncio.
Aprendi que palavra é igual oração:
tem que ser inteira senão perde a força.
E força não há de faltar porque - aqui dentro -
eu carrego o meu mundo.


Fernanda Mello

Sou fácil de ler,
mas não tente descobrir porque o mesmo refrão insiste em tocar tanto.
Se eu gostar de você,
tenha a delicadeza de também gostar de mim.
E me deixe ser, assim, exatamente como eu sou.
Meio gato, meio gente.
Desconfiada.
E independente.


Fernanda Mello


"Não que eu queira te esquecer, eu preciso. E luto contra isso, com todas as minhas forças semi-esgotadas. Preciso desesperadamente esquecer-te, como preciso neste instante de seu abraço e regresso; ou necessito de atenção....




IN-

VA-

RI-

A-

VEL-

MEN-

TE




VOCÊ."



Caio Fernando Abreu

17 setembro, 2010

. Pé de Meia .




Remédio não cura depressão, o que nos salva são os sapatos novos.

No caso de tristeza, uma caixinha resolve. No desespero, recomendam-se dois pares para serem usados em sequência. Se possível, no mesmo dia, de tarde e de noite.

Minha mulher estava estressada, ansiava por uma superdose. Saiu da loja com três modelos. A melancolia foi embora. Na manhã seguinte, seu riso era cadarço com brilho nas pontas.

Roupa não melhora um homem, mas pode piorá-lo. O guarda-roupa é meu confidente. Parto da tese de que o armário, depois de guardar tantos gays, é capaz de oferecer os melhores conselhos. Quando cansado, vou arrumar as roupas. Não as bagunçadas e as que ficam atiradas no espaldar da cama e da cadeira. Retiro as pilhas das estantes e dobro tudo de novo. Apenas o trabalho inútil dignifica. Sei pelo cheiro do tecido qual a última vez que coloquei.

O pai também superou um conflito com a ajuda dos cabides. Entrou numa crise de estima pelo sobrepeso. Por mais que emagrecesse, ainda engordava. Não admitia um prato menor e o ponteiro da balança sempre maior. No instante em que comprou suspensório, recuperou o domínio da alegria. Os suspensórios são a armação colorida para quem não usa óculos. Ele esticava o elástico como um estilingue, abatia os pássaros dos ombros. Ainda rangia, eufórico: — Agora tenho um chicote para meu corpo, ele vai me obedecer!

É previsível que largou a dieta, engordou mais vinte quilos para adquirir outros suspensórios. Gostou de engordar. Agora sem culpa e com charme de colecionador.

Eu me divirto que hoje me confundem na rua com um DJ ou um músico. Já fui um mecânico, um executivo fracassado, um metaleiro, um emo. A fixação pelo figurino começou tarde. Em casa, minha mãe empregava termos como carpim e fatiota. Não existia chance de bom gosto.

A estreia como macho talvez tenha sido na primeira comunhão. Inaugurei cinto, sapato preto e terno. Quatro números acima do meu. Meditando com calma diante das fotos, não representava roupa de homem, e sim de velho. Não entendo como não recebi diretamente a extrema-unção.

A irmã Carla buscou me amparar na adolescência. Com a minha cara cravejada de espinhas, desafiou à insanidade da tarefa. Incomodada com as opções, decidiu ceder calça branca, camisa branca e tênis branco. Passei em branco pelas garotas. Como um sujeito que pega emprestado as roupas da irmã apresentará resultado? Nunca.

É razoável supor que tenha me sentido homem ao enfrentar a extravagância, ao pôr um colete preto com lantejoulas, que arrematei num brechó do Bom Fim. Os colegas zombaram de minha masculinidade. Nem a inscrição “God is dead” me poupou das ironias. Morria pela terceira vez.

Confesso que não me vejo homem homem com nenhuma roupa. Muito menos com poncho, que transforma o gaúcho numa gaita de lã.

O que acende a virilidade é absolutamente insignificante. É recolher as meias de Cínthya entre os lençóis. Ao preparar a cama, localizo aquele novelo que escapou dos seus pés, um colchete de seu sono, um parêntese de suas unhas; emociono-me ao saber que ela deve ter procurado durante a noite.

Coloco o novelo sobre o cobertor, com destaque de um travesseiro. No restante das horas, controlo a ansiedade pelo beijo de recompensa.

Eu só dependo de um par de meias para me enxergar inteiro.


Fabrício Carpinejar

Crônica publicada no site Vida Breve

15 setembro, 2010


“Às vezes eu pressinto e é como uma saudade de um tempo que ainda não passou. Me traz o seu sossego, atrasa o meu relógio, acalma a minha pressa, me dá a sua palavra. Sussurra em meu ouvido só o que me interessa.”


Lenine.

. Ouvi Dizer.




A cidade está deserta,
E alguém escreveu o teu nome em toda a parte:
Nas casas, nos carros, nas pontes, nas ruas.
Em todo o lado essa palavra
Repetida ao expoente da loucura!
Ora amarga! ora doce!
Pra nos lembrar que o amor é uma doença,
Quando nele julgamos ver a nossa cura!


Ornatos Violeta


14 setembro, 2010


Não é da natureza do amor forçar um relacionamento,

mas é da natureza do amor abrir o caminho.


A Cabana

13 setembro, 2010


Sou como Edith Piaf: "Je ne regrette rien" (Não lamento nada). Fiz o que quis e fiz com paixão... Se a paixão estava errada, paciência... Não tenho frustrações, porque vivi como em um espetáculo... Não fiquei vendo a vida passar... sempre acompanhei o desfile...



Mario Lago

" Não tenha medo que eu me exceda, de que eu invada seu privilégio de boa vontade universal. Não é necessário. Há poucas pessoas que eu realmente amo e ainda menos aquelas das quais eu penso bem. Quanto mais eu vejo o mundo, mais fico insatisfeita com ele. "


Orgulho e Preconceito
Jane Austen

Tem gente que elege uma única versão de si próprio
e não olha mais para dentro.

Esses é que são os lunáticos.
Eu, ao contrário, quase não olho para fora.

Martha Medeiros

Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura
Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo
(...)
Resta essa imobilidade, essa economia de gestos
Essa inércia cada vez maior diante do Infinito
Essa gagueira infantil de quem quer exprimir o inexprimível
Essa irredutível recusa à poesia não vivida.
(...)
Resta essa vontade de chorar diante da beleza
Essa cólera em face da injustiça e o mal-entendido
Resta esse sentimento de infância subitamente desentranhado
De pequenos absurdos, essa capacidade
De rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil
E essa coragem para comprometer-se sem necessidade.
Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza
De quem sabe que tudo já foi como será no vir-a-ser
E ao mesmo tempo essa vontade de servir, essa
Contemporaneidade com o amanhã dos que não tiveram ontem nem hoje.
Resta essa faculdade incoercível de sonhar
De transfigurar a realidade, dentro dessa incapacidade
De aceitá-la tal como é, e essa visão
Ampla dos acontecimentos, e essa impressionante
E desnecessária presciência, e essa memória anterior
De mundos inexistentes, e esse heroísmo
Estático, e essa pequenina luz indecifrável
A que às vezes os poetas dão o nome de esperança.
Resta esse desejo de sentir-se igual a todos
De refletir-se em olhares sem curiosidade e sem memória
Resta essa pobreza intrínseca, essa vaidade
De não querer ser príncipe senão do seu reino.
Resta essa curiosidade pelo momento a vir

Resta esse constante esforço para caminhar dentro do labirinto
Esse eterno levantar-se depois de cada queda
Essa busca de equilíbrio no fio da navalha
Essa terrível coragem diante do grande medo, e esse medo
Infantil de ter pequenas coragens.


Vinícius de Moraes
15/04/1962
Em O Haver

11 setembro, 2010


Dizem que a gente tem o que precisa.
Não o que a gente quer.
Tudo bem. Eu não preciso de muito.
Eu não quero muito.
Eu quero mais.
Mais paz.
Mais saúde.
Mais dinheiro.
Mais poesia.
Mais verdade.
Mais harmonia.
Mais noites bem dormidas.
Mais noites em claro.
Mais eu ... Mais você.
Mais sorrisos,
beijos e aquela rima grudada na boca.
Eu quero Nós.
Mais nós.
Grudados.
Enrolados.
Amarrados.
Jogados no tapete da sala.
Nós que não atam nem desatam.
Eu quero pouco e quero mais.
Quero você.... Quero eu.
Quero domingos de manhã.
Quero cama desarrumada, lençol, café e travesseiro.
Quero seu beijo.
Quero seu cheiro.
Quero aquele olhar que não cansa.
O desejo que escorre pela boca e o minuto,
no segundo seguinte:

nada é muito quando é demais.


Caio Fernando Abreu


Que mesmo depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir,

mesmo sem saber por quê...



Caio Fernando Abreu



A vida é agora,



vê se não demora.

Quem gostou da Ideia