30 junho, 2012





Por mais que todas as terapias do mundo, todas as auto-ajudas do universo e todos os amigos experientes do planeta me digam que preciso definitivamente não precisar de você, minha alma grita aqui dentro que, por mais feliz que eu seja, a festa é sempre pela metade.




Tati Bernardi

Te odeio, mas te amo


Diz a lenda
que ele trocou suas certezas
por alguns sonhos mágicos.






— Cícero, joão e o pé de feijão

26 junho, 2012

Preconceito

O humor para minha vida é essencial. Os meus amigos tem veia cômica (indispensável).
Duas coisas me fascinam em uma pessoa (sem falar na sensibilidade) humor e inteligencia...
até acredito que uma está de braço dado com a outra.
O Paulo Gustavo seria meu melhor amigo facinho...rsrsrsrs. AMO.
Ele tem o poder de despertar meu melhor sorriso.


24 junho, 2012




você pode não acreditar nisto
mas há as pessoas
que passam pela vida com
muito pouca
fricção de angústia.

eles se vestem bem, dormem bem.
eles estão contentes com
a família deles.
com a vida.

eles são imperturbáveis
e freqüentemente se sentem
muito bem.
e quando eles morrem
é uma morte fácil, normalmente durante o
sono.

você pode não acreditar nisto
mas tais pessoas existem.
mas eu não sou nenhum deles.

oh não, eu não sou nenhum deles,
eu não estou nem mesmo próximo
para ser um deles.

mas eles
estão lá …

e eu estou aqui.



Charles Bukowski


Quase amor




Quase amores não existem. E não existem mesmo. Mas existem. Tudo bem, você pode desconfiar de um quase corno. Mas, provavelmente, nunca apertou a mão de um semi-gay. Ligeiramente grávidas são um desafio para a ciência. De meio amigos também não há registros, porém para encontrar mui amigos, chute uma lata e surgirão como ratos. Mas quase amor existe.

Quase amor é aquele ensejo de romance que surgiu com sabor de sorvete de baunilha. Você foi dar uma colherada com gosto e SPLASH! Ao levar o prazer até a boca, o doce escorreu e espatifou, melecando sua calça jeans. Todo mundo passa por isso, quer queira, quer não. Histórias de quase amor não lotam pré-estreias em Los Angeles, mas na vida sem bilheterias goleiam impiedosamente os contos de amor concreto.

Um amor que não passa do primeiro beijo porque o cara é noivo, é um quase amor. Um romance que não chegou no sexo, pois uma das partes embarcou com urgência para Londres sem aviso prévio, é quase amor também. Visualiza a cena: você gosta de uma garota comprometida e pede a ela que não suba no ônibus. Ou será o fim. Ela titubeia, faz bem-me-quer, mas segura o corrimão, ergue o pé direito e te olha com beiço de despedida. Pronto, outro quase amor saindo quentinho. Uns duram cinco anos, outros cinco meses. Raros, cinco dias. Contudo – de fato e amargamente – quase amores se dão como formigas em pote de mel.

Por isso quase amores existem e não existem. Talvez não tivera beijo, ou não houve sexo, quiçá um abraço de urso. Quase amores são cheios da falta de café na cama, juras de amor eterno, cena de ciúme, mordida no queixo, lutinha no carpete, banho de espuma, briga na casa da sogra, despedida em rodoviária, confusão de chinelos, chimarrão no meio-fio, troca de alianças, beijo na testa, orgasmo com choro e velhice compartilhada.

E se engana quem pensa que os quase amores são aqueles impossíveis ou proibidos, do tipo Janet Dailey. Amores por um triz têm motivos circunstanciais. Amor que é proibido, mas os dois se correspondem, já é amor completo, mesmo que imperfeito. Quase amor é quando um dos lados se doa pela metade, quando tanto. Aí é pretérito. Bem mais que imperfeito.

Quase amor é um lugar estranho e ao mesmo tempo familiar. Aconchegante e inóspito. Enérgico e gélido. É como quando você tem um déjà vu ao entrar numa rua ladrilhada dessas de cidade histórica. Um lugar aonde você jamais esteve, porém consulta sua memória rígida buscando reconhecer árvores, calçadas e telhados. Uma saudade abstrata pressiona o peito. E quase dói.


Gabito Nunes

23 junho, 2012

Uma Mulher

A chave




Acredito que há chaves imaginárias para cada um de nós. E vez em sempre, elas se perdem ou nós a perdemos, vai saber. Quantas vezes achamos que aquela porta é a nossa e a abrimos, sem pensar, com ânsia do desconhecido… pra no final, por essa coisa que chamam de destino se-é-que-existe, nos pegar pelo braço e dizer ”ei, você errou de porta. Não é aqui.” Quantas vezes mesmo assim, mesmo sabendo que é errado, forçamos as janelas na tentativa de entrar e ali permanecer? É por isso que andamos tão perdidos. Não no sentido ‘caminho errado’, porque pra mim, todo caminho, seja ele qual for, é caminho. No entanto, nossas chaves se perderam de nós. E aí, como é que se acha? Me entendem? Eu descobri hoje. Assim que acordei. Eu vivo assim, você vive assim, procurando por algo que não sabe o que é. Hoje eu descobri. Eu tive um sonho. Eu as vi. Essa coisa que todos nós procuramos sem saber o que é, são elas: as malditas das chaves. Essas pequenas coisinhas malditas e maravilhosas. Que faz nos perder e nos encontrar.

Aghata Paredes.

Que não nos falte...


21 junho, 2012

Adoro


Não adianta nem tentar...

"Não há como esquecer uma mulher. 
É trabalho em vão. 
Nem a pior cachaça do mundo servirá como borracha. 
Ficará de ressaca, enxaqueca e ainda lembrando dela."



Ilustração Daqui





Fabrício Carpinejar

20 junho, 2012

Amigo é amor




Amigo. Amigo é Amor. Amigo, na verdade, é mais que amor, ou é o que de mais próximo podemos experimentar do amor. Amigo é conforto. É compreensão irrestrita. É parceria, cumplicidade. É de manhã, de tarde, de noite e madrugadas a dentro. Amigo é despreocupação. Amigo é aquele que nos permite jogar fora as máscaras e dar de cara com o sorriso. Sorriso de verdade. É diferente de olhar um casal apaixonado, bonitinho e coisa e tal. Se os olhos olharem ao lado, para dois amigos de verdade papeando, combinando, fofocando, desabafando, ali estará uma coisa de verdade. Uma coisa à prova de riscos. Acima das coisas pequenas. Tudo no amigo é grande. Os melhores verbos do mundo a gente conjuga com os amigos: brincar, ficar a vontade, desabrochar, chorar, devenear, curtir. Amigo é curtição. É a sem cerimônia que o romance exige. No amor a gente não pode dar bobeira. Tudo exige explicação. Com o amigo, é entendimento. Às vezes eu penso que a gente arranja romances e complicações pseudo-amorosas, só pra depois, contar tudo pra amigo e ver naqueles olhos queridos, camaradagem, cuidado, atenção, carinho dos bons. Com amigo a gente ri até das desgraças. Amigo é risada solta. Amigo é melhor que tudo. (...) Têm teorias que dizem até que, amizade é uma coisa que dá certo porque passa longe de sexo e romance, apesar de toda amorosidade contida numa relação entre amigos. Amigo não vai se encher de você se você tiver com gripe, ou com TPM, ou se você engordar, ou não estiver arrumadinha, ou ainda se você não tiver nem um pouco afim de ficar fazendo carinhas e boquinhas de sedução. Amigo não cansa. Não dá tédio na testa. Não põe chifre. Não te deixa esperando. Sempre telefona. Às vezes, até demais... Amigo gosta de discutir todo e qualquer assunto, até a relação, que sempre vai bem, obrigada! Amigo é uma festa. É certeza de boas viagens, (...) ombro certo em horas incertas, é certeza de que, nunquinha da silva, você vai estar sozinho no mundo. Se o seu mundo cair, é certeza que o mundo do amigo estará lá, de braços muito abertos pra te acomodar. Amigo é bobo. E tem coisa mais esperta do mundo do que ser bobo? Os melhores programas são os bobos. Sair pra comer, pra falar pela enésima vez do mesmo assunto, pra passear no parque, contar estrelas,(...) sair pra fazer compra no mercado, até!... Amigo é dádiva, é presente dos céus, é tesouro como já dizia aquele amigo: "quem encontrou um amigo, encontrou um tesouro". Eu concordo. Não trocaria um amigo por nada desse mundo, nem mesmo pela possibilidade de um romance quente e avassalador, caso isso fosse posto em cheque. Só que tem um porém: tem que ser AMIGO. Amigo mesmo, testado, jurado e sacramentado aos pés da fidelidade, porque ao amigo é proibido trair. Num romance até pode, mas um amigo, jamais. (Certo, nunca diga nunca!) É que amigo mesmo não trai, no máximo, se engana, e de amigos, são pequenos todos os enganos. Os olhos que medem, medem sempre a menor as falhas do amigo, porque amigo é tão doce, tão bom de ter por perto, ele é força, é um lugar no mundo que é todinho seu, é brigadeiro na panela, é coca gelada, (...) amigo é de Janeiro a Janeiro, amigo é do nascer ao pôr do sol, amigo é luz que não se apaga. Amigo é parceiro até das burradas. Amigo é direção. É norte, é sul, é céu é terra, é suor e riso, é o rosto que chora nossas lágrimas porque a nossa dor é dele também, é boca que grita nosso sucesso, porque nosso sucesso tem a ver com ele também, é aquela mão que tá sempre ali, acenando presença, acenando esperança, acenando que a vida pode ser bonita justamente por ter sido tão amiga permitindo que se encontrem os amigos. Amigo é graça, e graça a gente agradece todo dia, tentando ao máximo ir além do desfrutar, tentando, um pouquinho que seja, retribuir toda a delícia que é ter um amigo. Às vezes eu esqueço de agradecer tudo de bom que possuo na vida, mas tem uma coisa que todo santo dia, ao levantar eu agradeço: a imensa felicidade que sinto por ter um amigo exatamente assim.

Essa é pra você, Amigo!

Be Lins.

Desalento





Você reclama contra o meu desalento. Tem razão, F., sou um pouco desalentada, preciso demais dos outros para me animar. Meu desalento é igual ao que sentem milhares de pessoas. Basta, porém, receber um telefonema ou lidar com alguém que gosto e minha esperança renasce, e fico forte de novo. Você na certa deve ter me conhecido num momento em que eu estava cheia de esperança. Sabe como eu sei? Porque você diz que sou linda. Ora, não sou linda. Mas quando estou cheia de esperança , então de minha pessoa se irradia algo que talvez se possa chamar de beleza (...) a hora de rir há de chegar, F..'



Clarice Lispector



(...)incompetente para a vida. 
Faltava-lhe o jeito de se ajeitar. 
Só vagamente tomava conhecimento 
da espécie de ausência que tinha de si mesma. 
Se fosse criatura que se exprime diria:
_ o mundo é fora de mim, eu sou fora do mundo. 



A Hora da Estrela de Clarice Lispector

A f a s t a m e n t o s




É feito uma noite fria. Numa rua deserta. Sem luz. Tem medo e tem dor. Têm o conteúdo dos pesadelos que a gente não lembra, só sabe que teve porquê despertou no susto. E que susto! É feito uma casa à muito abandonada. Desprovida de beleza. Caem pedaços. É apavorante. Nada se ouve, exceto o som da ausência de tudo. É feito a sensação de perder-se no meio do nada e saber que não há pra onde correr no meio do nada.


A F A S T A M E N T O S


Os humanos conseguem ser bons em quase tudo e se superam nos afastamentos. Parece tão simples para quem se afasta. Como o desligar da tomada. Ou apertar o OFF. Como seguir viagem porquê os trilhos estão prontos para serem trilhados. Não há lenços brancos sendo acenados na janela. Ninguém mais usa lenços brancos entre seus pertences. Não há lágrimas. Quem chora hoje em dia, em dias que ninguém mais chora? Todos estão ocupados demais até para chorar. Não há mais lugar para quem fica para olhar para trás. Só se olha pra frente. Estabeleceu-se que não é de bom tom aparentar-se com arrependimentos. Há que se vencer sempre e não há espaço para sentimentos tidos como MENORES . Por menores decidiu-se chamar a fraqueza, o medo, a dor, a tristeza, a dúvida, a insegurança. Por amostragem descartada, restaram os afastamentos. Parece justo para quem segue. É inexplicável para quem fica.

Quem precisa da coragem à moda antiga? À coragem deu-se um conceito diferenciado. Coragem passou a ser o predicativo dos que seguem sem olhar pra trás. Dos que não se prendem. Não se retardam. Não se atrasam. Não se retêm em meio à pequenezas de meros mortais. Não existem mais mortais. Foram descartados para dar lugar aos que perpetuam-se. A nova coragem é dos... Dos que fazem oque tem que ser feito custe oque custar. Dos que almejam sem devaneios. Dos alcançadores. Dos que não se permitem sentimentos pequenos, muito menos paranóicos. Há tanto a se fazer. E o trem não para além das estações. Ninguém pode ficar parado. As mãos estão ocupadas demais em teclados ínfimos que realizam conexões infinitas. Há o sucesso, o topo, o melhor. Aos corajosos estabeleceu-se o predicativo de não cansar. Não se abater. Não pestanejar. É proibido parar. Há que se seguir. E aos que ficam, fica o aviso de que não impaquem o caminho, e restem-se, silenciosamente, no afastamento.

Aos que ficam
Aos que choram
Aos que ardem


aos que ficaram no meio do caminho, à estes é que digo:
_ há que se ter muita coragem para prosseguir sozinho.
Nesta estação eu vejo coragem. Somente nesta.

G E N U I N A M E N T E .


Be Lins.

Bocó


Ouviu a palavra bocó e foi para casa correndo a ver nos seus trinta e dois dicionários que coisa era bocó. Achou cerca de nove expressões que sugeriam símiles a tonto. E se riu de gostar. E separou para si os nove símiles. Tais: Bocó é sempre alguém acrescentado de criança. Bocó é uma exceção de árvore. Bocó é um que gosta de conversar bobagens profundas com as águas. Bocó é aquele que fala sempre com sotaque de suas origens. É sempre alguém obscuro de moscas. É alguém que constrói sua casa com pouco cisco. É um que descobriu que as tardes fazem parte de haver beleza nos pássaros. Bocó é aquele que olhando para o chão enxerga um verme sendo-o. Bocó é uma espécie de sânie com alvoradas. Foi o que colheu em seus trinta e dois dicionários. E ele estimou.




Manoel de Barros


Texto e imagem garimpados aqui.

09 junho, 2012



Às vezes, a distância é a melhor coisa que pode acontecer. Na guerra ou na vida, períodos de recuo são essenciais em qualquer boa estratégia. Ou simplesmente acontecem, atropelando nossa vontade mesmo assim, continuam sendo estarrecedoramente úteis (depois de passada a raiva por termos sidos detidos na marcha, claro). Eles nos forçam a enxergar a situação sob outro prisma, com mais frieza e, por isso mesmo, de forma mais acertada e isenta dos erros de julgamento que a intensidade e a bile nos levam a cometer (o significado do ditado chinês "o lugar mais escuro é sempre debaixo da lâmpada" tornou-se, de repente, tão claro para mim como areia em dia de sol).

O grande barato de, vez por outra, nos distanciarmos do que é nos importa é sentir o que esse redimensionamento nos causa. E seja ele qual for, a retomada nunca é insípida: ou nos faz enxergar a placa de "rua sem saída" que teimávamos em não ver ou, feito polimento em prata, devolve o brilho ao que o tempo havia enegrecido. Talvez por isso alguns casais só se entendam depois de uma separação: a dor, a sensação de ficar sem centro gravitacional, não ter mais ali ao lado quem se ama, pode provocar verdadeiros milagres na dinâmica de uma vida em comum (e na vida solo). Mas não podemos contar com milagres, precisamos da razão. O problema é que nossa suposta sapiência tende a sub-avaliar o que se tem ou (talvez seja pior), exagerar na importância e, se quisermos ser felizes, é inútil proclamar independência emocional ou tornar-se escravo das paixões. Qualquer extremismo nos isola e, curiosamente, é só dando um pequeno mergulho na solidão que compreendemos o valor do que nos rodeia e mora dentro de nós.
Depois de sofrer feito um cão por encarar tudo na base do "oito ou oitenta", fiz um pacto comigo mesma: jamais levaria coisa alguma a ferro e fogo, porque nada importa tanto. Absolutamente nada é imprescindível. Nem ninguém. Esse não é um discurso de auto-suficiência, pelo contrário, é uma reflexão de alguém que aprendeu na porrada (ou melhor, no choro) que só relativizando, tornando a existência e o coração mais leves, é que se pode ser feliz e, então, ser feliz com alguém. Pare de arrastar correntes, levar tudo tão a sério: a única coisa que você vai conseguir é uma úlcera. Cuide de quem ama mas não faça disso o objetivo da sua vida porque ficará, inevitavelmente, frustrado quando não tiver deles o que deu pra eles. Ou não tiver deles o que você ACHA que eles deveriam devolver. E será bem feito: você fez o que quis, porque quis, então não venha reclamar o troféu. Não existe prêmio para quem doa amor. Por isso, distanciar-se deveria ser uma tarefa cotidiana: evitaria que fôssemos sugados pelo redemoinho que sempre começa logo ali nos nossos pés, mas estamos ocupados demais pra ver. Evitariaque exercêssemos de forma tão eficaz, e perigosamente despercebida, nossos piores defeitos. Mas não é todo dia que temos fôlego para questionar o que fizemos de nossa vida até aqui e qual o rumo que realmente queremos dar a ela. Cansa. Exaure.
Separar-se de alguém que se amou demais é, antes de mais nada, triste. Mas tristezas, por mais fundas que sejam, passam. Desde que não as alimentemos. Você já reparou como nos sentimos mais acolhidos com a segurança do passado conhecido, com todos os seus problemas, do que com o vislumbre do futuro? Já me apaixonei muito na vida, apesar das possibilidades de paixão não terem sido tão fartas, mas eu sempre fui uma sonhadora incorrigível. E foi só depois de terminados o ardor e o desespero que sempre vêm atrelados a esse sentimento difícil que compreendi o porquê de ter me perdido em outra pessoa, de verdade, em tão poucas ocasiões: só esses poucos amores, me deram o que sempre precisei, perceberam que minha maior necessidade não tem vínculo algum com brilhantes elucubrações ou demonstrações de saber.
Demorei para aprender, mas hoje compreendo o significado de amar. O meu significado. Amar alguém é curtir o correr dos dias ao lado, tirando, a cada oportunidade, o peso devastador das expectativas, porque é da leveza que nasce a harmonia. É sentir (e não saber - o que faz toda a diferença) que precisará da minha ajuda tanto quanto eu de um ombro para descansar; que o fim não mede a beleza de uma relação, assim como a morte não anula quem fomos; que nada, nem ninguém, arrancará de mim as sensações que me fazem ser quem sou (e que precisarei, sozinha, não destruí-las, mas lidar com elas); entender que a obrigação de me salvar é absolutamente minha.
Quando algo começar a te enlouquecer, enfernizar ou surtar, use a técnica dos grandes admiradores de arte: recue diante da tela, mude de ângulo em relação a ela, observe as cores, os traços e os detalhes que, na correria, sempre passam despercebidos. Então notará que ela é muito mais do que aquele ponto preto que ficava, insistente, diante dos seus olhos.

Ser feliz, no final das contas, não é questão de sorte ou azar. É questão de perspectiva.


Ailin Aleixo, adaptado.

Eu só quero você e mais nada...



"Poderíamos casar, teríamos um apartamento, tomaríamos café as cinco da tarde, discordaríamos quanto a cor das cortinas, não arrumaríamos a cama diariamente, a geladeira seria repleta de congelados e coca-cola, o armário, de porcarias, adiaríamos o despertador umas trinta vezes, sentaríamos na sala de pijama e pantufas, sairíamos pra jantar em dia de chuva e chegaríamos encharcados, nos beijaríamos no meio de alguma frase, você pegaria no sono com a mão no meu cabelo e eu, escutando sua respiração. Eu riria sem motivo e você perguntaria porque, eu não responderia, saberíamos."


Caio Fernando Abreu

Vivendo, sofrendo...aprendendo



"Ele não sabe mais nada sobre mim. Não sabe que o aperto no meu peito diminuiu, que meu cabelo cresceu, que os meus olhos estão menos melancólicos. Ele não sabe quantos livros pude ler em algumas semanas. Não sabe quais são meus novos assuntos nem os filmes favoritos. Ele não sabe quantos amigos desapareceram desde que me desvencilhei da minha vida social intensa. Ele não sabe que eu nunca mais me atentei pra saudade. Que simplesmente deixei de pensar em tudo que me parecia instável. Que aprendi a não sobrecarregar meu coração, este órgão tão nobre. Ele não sabe que tenho estado tão só sem a devastadora sensação de me sentir sozinha. Ele não sabe que desde que não compartilhamos mais nada sobre nós, eu tive que me tornar minha melhor companhia: ele nem imagina que foi ele quem me ensinou esta alegria."


Marla de Queiroz

Tá tudo guardado





"A saudade é o bolso onde a alma guarda aquilo que ela provou e aprovou.


Aprovadas foram as experiências que deram alegria.


O que valeu a pena está destinado à eternidade.


A saudade é o rosto da eternidade refletido no rio do tempo."




Rubem Alves

Fica a dica =))



Martha Medeiros

07 junho, 2012

"Tantos deveres, tanta preocupação em 'acertar' e 'acertar', tanto empenho em passar na vida sem pegar recuperação. Aí a vida vai ficando sem tempero, tão politicamente correta e existencialmente sem-graça, enquanto a gente vai ficando melancolicamente sem tesão. Às vezes dá vontade de fazer tudo 'errado'. Deixar de lado a régua, o compasso, a bússola, a balança. Ser ridícula, inadequada, incoerente e não estar nem aí pro que dizem e o que pensam a nosso respeito. Recusar prazeres incompletos e meias porções". 





Martha Medeiros

Oportunidade

imagem: David Mdzinarishvili/Reuters 


De vez em quando, eu encontro pelo caminho um desafio mal resolvido no passado. Vestido de outro jeito, outro cenário, outro fundo musical, geralmente, mas a essência é a mesma, eu o reconheço pelo cheiro. Frente a frente, de novo, a pergunta que me faz é clara e objetiva: eu saberei fazer diferente desta vez? A resposta depende apenas do quanto, de verdade, eu consegui aprender na vez anterior.

Se as experiências difíceis não nos sensibilizam o suficiente para extrairmos algum aprendizado delas, podem virar apenas dor acumulada, raiva que não escoa, medo que paralisa, onda amarrada. Quando um antigo desafio reaparece é a chance para percebermos o quanto já avançamos desde o nosso último encontro ou o quanto, sem notar, ainda não saímos do lugar onde já nos prendemos com ele.

Se não saímos, é bem capaz de repetirmos a resposta, com todas as suas consequências, até a próxima oportunidade de pergunta. Porque o tal desafio volta, costuma voltar, várias vezes, até conseguirmos liberar um ao outro.


Ana Jácomo

04 junho, 2012

Cara Valente

Para entrar no clima e cantar junto. 
DETALHE:
espere o até o final do clip...
impagável!


01 junho, 2012





“ - Eu tenho feito de conta que você não me interessa muito, mas não é verdade. Você é a pessoa mais especial que já conheci. Não por ser bonito ou por pensar como eu sobre tantas coisas, mas por algo maior e mais profundo do que aparência e afinidade. Ser correspondida é o que menos me importa no momento: preciso dizer o que sinto. Nem sei com que pernas cheguei até sua casa, achei que não teria coragem. Mas agora que estou aqui, preciso que você saiba que cada música que toca é com você que ouço, cada palavra que leio é com você que reparto, cada deslumbramento que tenho é com você que sinto. Você está entranhado no que sou, virou parte da minha história. Eu beijo espelhos, abraço almofadas, faço carinho em mim mesma tendo você no pensamento, e mesmo quando as coisas que faço são menos importantes, como ler uma revista ou lavar uma meia, é em sua companhia que estou. Eu não sou melhor ou pior do que ninguém, sou apenas alguém que está aprendendo a lidar com o amor, sinto que ele existe, sinto que é forte e sinto que é aquilo que todos procuram. Encontrei. Eu gostaria de viver com você, mas não foi por isso que vim. A intenção é unicamente deixá-lo saber que é amado e deixá-lo pensar a respeito, que amor não é coisa que se retribua de imediato, apenas para ser gentil. Se um dia eu for amada do mesmo modo por você, me avise que eu volto, e a gente recomeça de onde parou, paramos aqui. - E saiu do apartamento sentindo-se mais mulher do que nunca.”

Martha Medeiros

Quem gostou da Ideia