30 maio, 2012

Aquilo que eu gosto



Aquilo que eu gosto no teu corpo é o sexo.
Aquilo que eu gosto no teu sexo é a boca.
Aquilo que eu gosto na tua boca é a língua.
Aquilo que eu gosto na tua língua é a palavra.


Julio Cortázar

Sou imensa

"Você sabe quantas almas um sorriso salva, 
ou quanta vida há num suspiro, 
ou quanta saudade existe entre 
uma batida e outra de coração? 
É muita vida para se viver 
e eu não posso partir de mim porque, 
apesar de finita, 
sou imensa." 








Gabriela Castro

Mil Pedaços

Sereníssima

Vai me dizer que você consegue ser indiferente a uma letra como essa? 

Duvido!


Sou um animal sentimental
Me apego facilmente ao que desperta o meu desejo
Tente me obrigar a fazer o que não quero
E você vai logo ver o que acontece

Acho que entendo o que você quis me dizer

Mas existem outras coisas

Consegui meu equilíbrio cortejando a insanidade,
Tudo está perdido mas existem possibilidades,
Tínhamos a idéia mas você mudou os planos
Tínhamos um plano, você mudou de idéia

Já passou, já passou - quem sabe outro dia.

Antes eu sonhava, agora já não durmo

Quando foi que competimos pela primeira vez?
O que ninguém percebe é o que todo mundo sabe
Não entendo terrorismo, falávamos de amizade.

Não estou mais interessado no que sinto
Não acredito em nada além do que duvido
Você espera respostas que eu não tenho
Mas não vou brigar por causa disso

Até penso duas vezes se você quiser ficar.

Minha laranjeira verde, porque está tão prateada?
Foi da lua desta noite, do sereno da madrugada
Tenho um sorriso bobo, parecido com soluço
Enquanto o caos segue em frente
Com toda a calma do mundo. 

Legião Urbana




29 maio, 2012

Você me bagunça


O Primeiro dia




A principio é simples, anda-se sozinho
passa-se nas ruas bem devagarinho
está-se bem no silêncio e no borborinho
bebe-se as certezas num copo de vinho
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida


Pouco a pouco o passo faz-se vagabundo
dá-se a volta ao medo, dá-se a volta ao mundo
diz-se do passado, que está moribundo
bebe-se o alento num copo sem fundo
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida


E é então que amigos nos oferecem leito
entra-se cansado e sai-se refeito
luta-se por tudo o que se leva a peito
bebe-se, come-se e alguém nos diz: bom proveito
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida


Depois vêm cansaços e o corpo fraqueja
olha-se para dentro e já pouco sobeja
pede-se o descanso, por curto que seja
apagam-se dúvidas num mar de cerveja
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida


Enfim duma escolha faz-se um desafio
enfrenta-se a vida de fio a pavio
navega-se sem mar, sem vela ou navio
bebe-se a coragem até dum copo vazio
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida


E entretanto o tempo fez cinza da brasa
e outra maré cheia virá da maré vazia
nasce um novo dia e no braço outra asa
brinda-se aos amores com o vinho da casa
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida. 



Sérgio Godinho

24 maio, 2012

Isabel Allende

Até hoje não havíamos sido apresentadas, o que acho uma pena. 
Hoje (24/05/2012), não acordei muito bem, várias questões na cabeça, outras muitas para serem resolvidas...e uma tristeza que não sei definir, se é legítima ou uma legítima TPM...vai saber! Enfim, o interessante é que recebi a indicação do vídeo desta mulher apaixonante e não fui indiferente. Acabei de assistir e fui me inteirar sobre sua rica história. Vou colocar aqui apenas alguns pontos sobre a Isabel para que antes de assistir o vídeo saiba com quem está tratando...rs. Empolgante, deu um plus no meu dia.





Dados retirados do Wikipédia:


Isabel Allende Llona (Lima, 2 de Agosto de 1942) é uma jornalista e escritora chilena. Apesar de ter nascido em Lima, sua família logo voltou para o Chile, sua terra natal. Atualmente está radicada nos Estados Unidos da América.

É filha de Tomás Allende, funcionário diplomático e primo irmão de Salvador Allende ( Salvador Allende foi o primeiro presidente de república e o primeiro chefe de estado socialista marxista eleito democraticamente na América Latina, governou o Chile de 1970 a 1973, quando foi deposto por um golpe de estado liderado por seu chefe das Forças Armadas, Augusto Pinochet.) , e de Francisca Llona.

Isabel é considerada uma das principais revelações da literatura latino-americana da década de 1980. Sua obra é marcada pela ditadura no Chile, implantada com o golpe militar que em 1973 derrubou o governo do primo de seu pai, o presidente Salvador Allende (1908-1973).

Escreveu A casa dos espíritos (1982) e ganhou reconhecimento de público e crítica. A obra foi filmada em 1993 por Bille August, com Jeremy Irons e Meryl Streep. Em 1995 lançou o livro Paula, que a autora escreveu para a sua filha que estava em coma devido a um ataque de porfiria ( grupo de distúrbios herdados ou adquiridos que envolvem certas enzimas participantes do processo de síntese do heme. Estes distúrbios se manifestam através de problemas na pele e/ou com complicações neurológicas). Como a autora não sabia se a sua memória voltaria após a saída do coma, Isabel Allende resolveu contar a sua história para auxiliar a filha a lembrar dos fatos. Paula passou a ser então um retrato auto-biográfico. Sua filha não voltou do coma e morreu um tempo depois.



 

Eu não vim ao mundo a passeio



Somewhere Over the Rainbow by Israel Kamakawiwoʻole on Grooveshark






photograph : jumping Twiggy
love affair : Bobbies loafers











Rachel Antonoff


Annabelle Dexter




























Eu costumo ouvir 
somente aquilo que me faz bem.
Então, por favor, 
chega de papo furado.
A gente veio ao mundo para ser feliz.


Fernanda Mello




Imagens  de  
http://www.ilovemymarc.com/

22 maio, 2012

Better Days

O tamanho do amor

O amor não tem medida. 
Não dá para dizer: 
Agora chega, está de bom tamanho.



















[Fabrício Carpinejar]

O que ando aprendendo...



"Deus me ensinou que tudo o que Ele põe em meu caminho é para o meu bem. O bem me ensinou a dar valor quado as coisas parecem completamente erradas. O errado me ensinou a ver que nem sempre estou certa. O fato de nem sempre estar certa, me ensinou que também falho. A falha me ensinou que posso recomeçar. O recomeço me ensinou que posso acertar. Acertando aprendi que ainda há o perdão. Com o perdão aprendi que ainda existe misericórdia. A misericórdia me ensinou que Deus ainda esta aqui..." 




Rosane Spiandorello

21 maio, 2012

"Eu gosto de quem FACILITA as coisas. De quem aponta caminhos ao invés de propor emboscadas. Eu sou feliz ao lado de pessoas que vivem sem códigos, que estão disponíveis sem exigir que você decifre NADA."









Fernanda Gaona

IN(acabado)




"Eu me experimento inacabado. Da obra, o rascunho. Do gesto, o que não termina. Sou como o rio em processo de vir a ser. A confluência de outras águas e o encontro com filhos de outras nascentes o tornam outro. O rio é a mistura de pequenos encontros.Eu sou feito de águas, muitas águas. Também recebo afluentes e com eles me transformo. O que sai de mim cada vez que amo? O que em mim acontece quando me deparo com a dor que não é minha, mas que pela força do olhar que me fita vem morar em mim? Eu me transformo em outros? Eu vivo para saber. O que do outro recebo leva tempo para ser decifrado. O que sei é que a vida me afeta com seu poder de vivência. Empurra-me para reações inusitadas, tão cheias de sentidos ocultos. Cultivo em mim o acúmulo de muitos mundos. Por vezes o cansaço me faz querer parar. Sensação de que já vivi mais do que meu coração suporta. Os encontros são muitos; as pessoas também. As chegadas e partidas se misturam e confundem o coração. É nesta hora em que me pego alimentando sonhos de cotidianos estreitos, previsíveis. Mas quando me enxergo na perspectiva de selar o passaporte e cancelar as saídas, eis que me aproximo de uma tristeza infértil. Melhor mesmo é continuar na esperança de confluências futuras. Viver para sorver os novos rios que virão. Eu sou inacabado. Preciso continuar. Se a mim for concedido o direito de pausas repositoras, então já anuncio que eu continuo na vida. A trama de minha criatividade depende deste contraste, deste inacabado que há em mim. Um dia sou multidão; no outro sou solidão. Não quero ser multidão todo dia. Num dia experimento o frescor da amizade; no outro a febre que me faz querer ser só. Eu sou assim. Sem culpas.

(Pe. Fabio de Melo)

Ele é só leveza

"Ele parece que veio 
para amenizar
todo e qualquer peso
que ainda insistia em ser.
O moço é só leveza."








Bibiana Benites

Variações sobre o prazer


"(...) A poesia nos torna mais sábios, retirando-nos do torvelinho agitado com que a confusão da vida nos perturba. Drummond, escrevendo sobre a Cecília Meireles, disse:"Não me parecia criatura inquestionavelmente real; por mais que aferisse os traços de sua presença entre nós, marcada por gestos de cortesia e sociabilidade, restava-me a impressão de que ela não estava onde nós a víamos. Por onde erraria a verdadeira Cecília, que, respondendo à indagação de um curioso, admitiu ser seu principal defeito 'uma certa ausência do mundo'? Do mundo como teatro, em que cada espectador se sente impelido a tomar parte frenética no espetáculo, sim; mas não, porém, do mundo das essências, em que a vida é mais intensa porque se desenvolve em um estado puro, sem atritos, liberta das contradições da existência". 

Pois é isso que a poesia faz: ela nos convida a andar pelos caminhos da nossa própria verdade, os caminhos onde mora o essencial. 
Se as pessoas soubessem ler poesia é certo que os terapeutas teriam menos trabalho e talvez suas terapias se transformassem em concertos de poesia! (...)"

Rubem Alves, no livro: Variações Sobre o Prazer


"Aceitar a mudança é isso.
É aceitar perder uma perna que te sustenta, 
que te conforta, 
que te torna pseudo-equilibrada e confortável.
Mas que te cobra o preço da estagnação.
Aceitar a mudança é perder esse chão tão estabilizador… 
É ter que se reinventar.
Aceitar a mudança é aceitar a vida de verdade.
Aceitar seus ciclos, suas ondas, suas oscilações…
É incorporar o medo ao processo evolutivo.
É perder você mesmo ao se olhar no espelho.
É ter que encontrar um novo você. 
Ainda mais forte e ainda mais preparado.
Que eu tenha sabedoria pra entender o poder da mudança.
Entender, principalmente, 
que ela sempre será o menos exterior possível.
Será sempre um movimento interno e secreto.
Movimento que emerge do fundo de mim, fundo mesmo, 
onde talvez nem eu possa tocar.
E em cadeias vai mudando minha vida, minhas opções, 
minhas opiniões, meus silêncios e minhas máscaras.
Um brinde a mudança e a beleza da vida.
Coragem, sempre!"

Caroline Figueiredo

" As palavras só têm sentido se nos ajudam a ver o mundo melhor. Aprendemos palavras para melhorar os olhos." 







Rubem Alves

11 maio, 2012

Amo

Obrigado mae by Cristina Mel on Grooveshark


Tem coisas que vão lá no coração da gente, com uma mão bem grande e aperta até o sumo sair em forma de lágrima. Achei esse texto e não poderia de forma alguma ser indiferente a ele, tive que vir aqui postar. Diante destas coisas que li e senti, pensei que seria um bom momento para que nós filhos, repensássemos o que temos realmente sido para nossas mães (sim, aproveitando o dia das mães para esta reflexão que deveria ser habitual). Eu terei muita sorte se conseguir ter pelo menos a metade da dedicação que minha mãe teve para cuidar de mim e dos meus dois irmãos. Abrindo mão todos os dias da sua vida pessoal para nos doar aquilo que nos faltava. Uma vez ela me disse que ser mãe é isso, doação. Pois você dá amor e todos os derivados mas não exige nada de volta. Eu entendia isso pela metade...hoje entendo completamente. 



CARTA DE UMA MÃE PARA SUA FILHA




Minha querida menina, 

no dia que você perceber que estou envelhecendo, 
eu peço a você para ser paciente, mas acima de tudo, tentar entender pelo o 
que estarei passando. 


Se quando conversarmos, eu repetir a mesma coisa dezenas de vezes, 
não me interrompa dizendo: “Você disse a mesma coisa um minuto atrás”. 
Apenas ouça,por favor. 
Tente se lembrar das vezes quando você era uma criança e eu li a
mesma história noite após noite até você dormir.

Quando eu não quiser tomar banho, não se zangue e não me encabule.
Lembra de quando você era criança eu tinha que correr atrás de você dando desculpas e tentando colocar você no banho?

Quando você perceber que tenho dificuldades com novas tecnologias, me dê
tempo para aprender e não me olhe daquele jeito...lembre-se, querida, de como
eu pacientemente ensinei a você muitas coisas, como comer direito, vestir-se, 
arrumar seu cabelo e lhe dar com os problemas da vida todos os dias...
o dia que você vir que estou envelhecendo, 
eu lhe peço para ser paciente, mas acima de
tudo, tentar entender pelo o que estarei passando.

Se eu ocasionalmente me perder em uma conversa, dê-me tempo para lembrar
e se eu não conseguir, não fique nervosa, impaciente ou arrogante.
Apenas lembre-se, em seu coração, que a coisa mais importante para mim é
estar com você.

E quando eu envelhecer e minhas pernas não me permitirem andar tão rápido
quanto antes, me dê sua mão da mesma maneira que eu lhe ofereci a minha em seus primeiros passos.

Quando este dia chegar, não se sinta triste. Apenas fique comigo e me entenda, enquanto termino minha vida com amor. Eu vou adorar e agradecer pelo tempo
e alegria que compartilhamos. Com um sorriso e o imenso amor que sempre tive
por você, eu apenas quero dizer, 
"eu te amo minha querida filha”.


(Fonte: Spring in the Air)


Poesia é sacerdócio





Perguntaram certa vez a Clarice Lispector e a Lygia Fagundes Telles, por que ambas não escreviam poemas. Clarice muito séria respondeu: " Poesia é sacerdócio. Com ela não se pode brincar. Ela castiga. Poesia é glória ou danação." E Lygia Fagundes Telles apenas disse: "está respondido!". E seguiram caminhando pela calçada de Copacabana numa linda tarde de MAIO.

10 maio, 2012

Enfim...





True Love Will Find You in the End by Daniel Johnston on Grooveshark 


Consegui assistir la Película Medianeras. Adorei como Gustavo Taretto conduziu este enredo, com muita sensibilidade. E olha que não é fácil reproduzir a apatia e prender o público ao mesmo tempo.

"Filme que aborda o paradoxo da vida online, conectada a tudo o tempo todo, que ao mesmo tempo nos afasta dos relacionamentos na vida "real", é também sucesso de crítica 2011, e muito se deve aos atores que ajudam a constituir tão bem a apatia que parece tomar conta de toda essa geração que tudo faz via internet. 

Além das irônicas situações que Gustavo Taretto coloca Martin (Javier Drolas) e Mariana (Pilar López de Ayala), Medianeras usa e abusa de referências nerds e pops como "Star Wars", "Astroboy", e principalmente "Onde Está Wally?" livro que serve como inspiração para o pôster de Medianeras e como terapia para Mariana que a certa altura se questiona: Se até no livro, mesmo sabendo quem está procurando, nunca consegue encontrar o "Wally" na cidade, imagina encontrar alguém na cidade de verdade, sem nem saber quem está procurando. 

Taretto conseguiu incorporar referências, angústias, e comportamentos derivados da modernização de nossas vidas e consequentemente relações e transformou em um filme com um humor inteligente, tragicômico, que provavelmente em algum aspecto se encaixa com o estilo de vida de cada um dos que o assiste." ( Blog Imovision )

09 maio, 2012

Poesia pra tudo


Doeu na alma

Mas tudo na vida é escolha.
E aprendizado.
Cada um escreve a sua maneira
e tem alguém por aí que pode ser capítulo.
Ou introdução.
Depende do espaço que você dá
e como alguém vai escrever  
história em você.

Fernanda Melo

*

Diego chorou durante enterro de um integrante do AfroReggae
(Foto: Reprodução/TV Globo)


Hoje eu conheci o Diego Frazão...



O menino ficou conhecido ao tocar, chorando, um violino no enterro do também coordenador do AfroReggae Evandro João da Silva. Evandro foi morto em dezembro de 2009 no Centro do Rio, num caso que ganhou notoriedade por envolver dois PMs. 



Diego Frazão morreu aos 12 anos de idade no dia 01/04/2010 com Leucemia.

Tantas coisas passaram pela minha mente quando vi essa foto. A primeira foi de admiração, porque acho o violino um instrumento clássico, difícil de ser tocado. Tem que ter uma habilidade muito grande para tirar um som puro dele. A posição do violino no corpo, como pegar o arco, como manejar suas cordas...precisa-se de técnica como todo instrumento, mas o violino é mais sensível aos ouvidos por causa dos seus agudos. E ver um nas mãos do Diego me comoveu. Mas minha admiração maior foi saber o motivo das lágrimas. Dor, gratidão, saudade e sensibilidade de um menino que nem conhecia ainda o nome de todos os sentimentos que estavam apertando a garganta dele naquele momento. Meu coração se uniu ao dele.
Tantos rótulos, tantos (pre) conceitos, tantas e tantas receitas para agregar valores às crianças das comunidades, tantas fórmulas mirabolantes para não deixar as drogas entrarem nas vidas de nossas crianças, tanto medo, tanta repreensão ... aí, a música  foi lá e fez seu papel transformador.
Que bom foi conhecer o Diego hoje!




Em paz




Benditos os que conseguem se deixar em paz. Os que não se cobram por não terem cumprido suas resoluções, que não se culpam por terem falhado, não se torturam por terem sido contraditórios, não se punem por não terem sido perfeitos. Apenas fazem o melhor que podem. Se é para ser mestre em alguma coisa, então que sejamos mestres em nos libertar da patrulha do pensamento. De querer se adequar à sociedade e ao mesmo tempo ser livre.



Martha Medeiros

08 maio, 2012

Medianeras

Quiero ver esta película


EM-PA-TI-A






"Quanto mais eu sinta,

 quanto mais eu sinta como várias pessoas,


Quanto mais personalidades eu tiver,

Quanto mais intensamente, estridentemente as tiver,

Quanto mais simultaneamente sentir com todas elas,

Quanto mais unificadamente diverso,

 dispersadamente atento,

Estiver, sentir, viver, for,

Mais possuirei a existência total do universo,

Mais completo serei pelo espaço inteiro fora."




Fernando Pessoa





"Onde buscamos refrigério?

Acredito que em almas afins.

Sentindo...

Sendo..."





Luisa Ferrari

Reconstrua-se




"Se um dia alguém fizer com que se quebre a visão bonita que você tem de si, com muita paciência e amor reconstrua-a. Assim como o artesão recupera a sua peça mais valiosa que caiu no chão, sem duvidar de que aquela é a tarefa mais importante. Você é a sua criação mais valiosa." 



Brahma Kumaris

Renovada



Infelicidade é uma questão de prefixo.


.Guimarães Rosa.









tão doce.

tão cedo.

tão já...

tudo de novo vira começo.


.Paulo Leminski.

Tudo Teu





meus defeitos
assim
como eu,
são todos seus.





Terrorismo Poético

04 maio, 2012

Vivian Maier













Vivian Maier trabalhou 40 anos como babá em Chicago. Nos seus dias livres, saía para fotografar as ruas da cidade e também de Nova York. O impressionante é que ela nunca mostrou a ninguém o que capturava com sua Rolleiflex. Na verdade, a maioria do trabalho dela nem ela mesma via. Um rapaz de 29 anos foi quem descobriu rolos e mais rolos de filme, cerca de 100 mil negativos e, claro, sente que tem nas mãos um tesouro. Vivian morreu aos 83 anos sem saber que era uma das maiores fotógrafas de rua de todos os tempos.


Para ver mais fotos: http://vivianmaier.blogspot.com/



Minha descoberta de hoje



Mulher, como você se chama? – Não sei.
Quando você nasceu, de onde você vem? – Nao sei.
Para que cavou uma toca na terra? – Não sei. 
Desde quanto está aqui escondida? – Não sei. 
Por que mordeu o meu dedo anular? – Não sei. 
Não sabe que não vamos te fazer nenhum mal? – Não sei. 
De que lado você está? – Não sei. 
É a guerra, você tem que escolher. – Não sei. 
Esses são teus filhos? – São. 


Wislawa Szymborska





Aos 88 anos, Wislawa Szymborska vive desde menina em Cracóvia, cidade situada às margens do Vístula, no sul da Polônia. O fato de ter permanecido a vida inteira no mesmo lugar diz muito sobre essa poeta conhecida por sua reserva e extrema timidez. Contudo, embora os fatos de sua vida tenham permanecido privados, quase secretos, seus poemas viajam pelo mundo. Não são tantos: sua obra inteira consiste em cerca de 250 poemas cuja função, como declarou a poeta no discurso de Oslo, é perguntar, buscar o sentido das coisas.

Com sua poesia indagadora, Szymborska foi chamada “poeta filosófica”, ou “poeta da consciência do ser”. No Brasil, teve poemas esparsos publicados em jornais e revistas ao longo dos anos, mas esta edição da Companhia das Letras, com seleção, introdução e tradução de Regina Przybycien, é a primeira oportunidade que tem o leitor brasileiro de lê-la em português. A coletânea de 44 poemas é uma belíssima apresentação à obra dessa importante poeta contemporânea.


Vou providenciar o meu...lógico!!!!

Velha e Louca

Aos que tem muito pudores não assistam.
Aos despudorados, que entendem, que gostam, que praticam 
ou aqueles que querem entrar nessa seara e roer até os ossos...
tem receita...ADOREI.


Afeto Minguante



Ontem, depois que nos falamos, senti que não poderia dormir sem dizer que entendo sua dor. Falar de amor e insônia e ainda dar conselhos: meu regime lunar. E tudo me parece tão conversa de comadre. Mas preciso dizer que conheço a dor que machuca sem descanso. Parece até martelo em prego torto. Ficamos tão concentrados naquilo que nos fere que o mundo parece diluir por falta de sentido. E a gente fica naquela de olhar foto, reler rabisco escrito em guardanapo e lembrar das horas de um tempo que insiste. Perfeito seria sofrer um surto de amnésia. Porque esta dor chega a ser prepotente. Uma dor de nariz em pé. Uma mágoa que é nódoa e demora a largar de nós. Parece até que a dor nos faz ficar viciados em sofrer mais. É como se não houvesse saída. Daí partimos para o desespero: telefonemas no meio da noite, andar pelas ruas sentindo peso nas costas, não conseguir sorrir e, televisão, nem pensar. Tudo parece nos assombrar. Dor dilacera o ser. E amor completa. Há quem discorde. O amor que se perde é o amor exato para nossos dias? É uma pergunta que precisa de resposta. O que amamos? O outro ou a sensação de estar com o outro? O que nos faz felizes? A pessoa ou a sensação de possuir a pessoa? O que nos completa? O que realmente queremos? Já faz tempo que aprendi algo e, embora não consiga colocar em prática, não paro de repetir aqui, dentro de mim: A dor é necessária. Porém, isto não faz dela um acessório permanente em nossas vidas. É aprendizagem para outros voos. Ou quedas. E, se este amor partido não é recíproco, que não seja de forma alguma. Ninguém precisa viver de retalhos. Você não precisa viver de lua minguante quando há outras luas pelo mundo. Então está doendo? Mas é claro que dói. Somos humanos e não conseguimos ainda entender nossos complicados mecanismos de funcionamento. E, por sermos todo sentimento, não sabemos coordenar isto. Não sabemos racionalizar, fazer soma exata e calcular resultados. Mas eu preciso que me escute com atenção: Você vai chorar por dias. Noites inteiras. Talvez emagreça e queira, por desespero, de volta o amor que é minguante. Mas há um segredo nítido: Tudo irá passar. Quando você menos esperar, pronto, passou. E, muito provavelmente, virão outros amores, outras histórias e outro riso. É fato. O futuro vai trazer tudo. Mas não se comprometa em esperar na porta de casa. O futuro não é imediato. É tartaruga. Mas ele virá. E pode ser que venha no próximo mês, amanhã, ou depois que você chorar tanto até explodir rindo de sua própria cara. Porque a dor também perde o sentido. O mundo continua e você também. E o dia ensina em clara sinfonia: Há lutos necessários e despedidas que não podemos adiar. Perder não é sinônimo de desperdício. É caminho aberto para outro estágio, outro cenário, outra véspera de nova fome que alimento algum irá saciar. Afinal de contas, somos incuráveis. Viciados na arte de amar minguantes mesmo que luas inteiras de amor por nós se declarem. Mas há cura para todo mal. Amor acontece. De repente. Demorado. E quase sempre.




Letícia Palmeira 
Image by pesare

Pra quem não sabe amar

Fica esperando

Alguém que caiba no seu sonho

Como varizes que vão aumentando

Como insetos em volta da lâmpada.






(Cazuza)

Pedra Polida

Gosto muito dos textos da Letícia Palmeira (Blog Afeto Literário). 
Me identifico com os questionamentos dela e, neste texto me achei aí em algum lugar...rs.




Na grande necessidade de quebrar regras, estacionei na vaga para deficientes. O estacionamento não estava lotado. Havia tantas vagas. Mas eu mirei certeiro o carro e me senti muito triunfante ao estacionar ali, na vaga proibida para mim. E fui às compras. Pessoas iam e vinham na esteira rolante do supermercado. Homens com cara de cerveja, mulheres com cara de Avon e crianças pedindo coisas. Crianças não mudam nunca. Incrível a quantidade de pensamentos que pode passar pela cabeça de alguém no minúsculo instante de estar na esteira. Eu divago, imagino, crio cenas inteiras e falo sozinha. Mas hoje foi um pouco diferente. Tentei disciplinar meus pensamentos. E foi um esforço imenso. Porque eu preciso me falar. O tempo todo. Mas eu também preciso calar e mudar algumas coisas. Então comecei a fazer uma pequena lista de coisinhas que preciso mudar. Pensei nas plantas. Preciso cortar definitivamente a buganvília. Ela havia morrido. E mandei que a cortassem. Mas certas plantas não morrem de verdade. Elas apenas fingem. E a buganvília voltou a crescer e de forma estranha. Não está bonita como antes. Está crescendo desorganizada. Então decidi que vou arrancar pela raiz. É preciso cortar pela raiz a buganvília. E vou passar a ser mais educada com o vizinho. Eu, de hoje em diante, darei bom dia e darei cumprimentos. Serei educada e muito polida. É o mínimo que posso fazer para manter a paz mundial. Sei que isso parece patético e pode ser que isso não mude a atitude de meu vizinho. Mas ao menos estarei fazendo a minha parte. Agora atravanquei. Essa coisa de parte me incomoda. Qual será a minha parte? Como irei saber até onde devo ir? Onde será o limite de minhas atitudes? Eu preciso entender isso porque terei que parar de fazer minha parte para que outros façam suas partes. Eu não posso continuar fazendo minha parte para sempre. É muito fácil perder a disciplina. Veja só como a minha foi pelos ares em apenas um segundo. Não quero mais pensar na minha parte. Outro item de minha lista: Preciso deixar de ser egoísta. E urgente. Perco tanta coisa sendo egoísta. Eu sempre fico naquela de querer tudo pra mim e sempre carrego muitas coisas comigo e quando termina a história, minhas mãos ficam vazias por excesso de peso. Preciso deixar de ser egoísta. Eu não ganho nada agindo dessa forma. Preciso entender isso de uma vez por todas. E preciso largar a mania de não querer amar ninguém. Estou sempre ferindo, sempre latindo, sempre rosnando. Sou uma grande placa de advertência no meio da estrada. Cuidado. Perigo. Por que tenho que fazer isso comigo? Que mal me fiz? E preciso entender que não é uma questão de amar pessoas. É uma questão de me permitir. Eu não me permito. Quem me conhece, sabe. Mas quem é que me conhece? Ninguém me conhece. Eu nunca me deixo ver. Sou um soldado camuflado no meio do mato. Ali, com medo do inimigo, escondido e munido até os dentes. Que guerra é a minha? E quando começou? Eu, que já estive nua diante de pessoas, não me permito ser quem eu sou. E isto é muito grave. É uma violação de mim. Maior crime não há. E a punição é claríssima: vivo na clausura de me passar por outra pessoa sempre. E isso nada tem a ver com dupla personalidade. É como viver a vida inteira querendo provar carne de carneiro e não provar por ter dito um dia que jamais comeria carne de carneiro por não gostar da carne. E sem nunca ter comido. É assim que acontece. Eu não me permito ser vista porque um dia eu disse que não permitiria e está feito. Mas do que estou falando? Será que perdi novamente a disciplina? Será que sai do limite? E quanto à lista de itens que preciso mudar em minha vida? E por que essa esteira não anda? Foi então que me dei conta de que a esteira estava desligada e não sei ao certo quanto tempo estive parada ali, pensando, enquanto o mundo continuava a insistir. Fiz minhas compras, não houve reclamação quanto à vaga para deficientes, voltei para casa, encontrei o vizinho na calçada e não o cumprimentei. Mudanças levam tempo. Agora eu sei.

03 maio, 2012





O Livro sobre Nada - Manoel de Barros

Às Cegas






Três lados by Skank on Grooveshark 



 Eu me lembro da primeira vez que te vi. Você não me viu. Engraçado, não? Você apenas sorria e era sempre com o violão e a voz e sempre com tantos planos. E eu te ouvi. Você falava muito. E nunca houve nada. Eu apenas te olhava. Aí coisas aconteceram. Você casou, fez família, ficou triste, distante, morreu. Não de morte mesmo. Você se encolheu e sumiu no mundo. E eu fiz a mesma coisa. Que mais uma pessoa pode fazer a não ser perpetuar-se em espécie? É um vício. Depois de um tempo nos vimos. Foi um dia (à noite) em uma calçada. Em uma praia. Você estava sozinho. Lembro de te ouvir dizer que a coisa havia desandado. Pensei: Normal. Tudo tem seu fim. E passou mais tempo e não nos vimos mais. A gente se esconde em tudo. Já reparou? Trabalho, botão e rasgo, beijo na boca que compromete tudo. Depois ouvi falar de você. Havia encontrado outra pessoa e estava pronto para perpetuar-se louco. E você amava que mal olhava ao redor. Pensei: Amor é mesmo um belo esquife. Então você fez novo capítulo e assumiu missa e promessa: o ateu que por deus celebra. E eu continuei vivendo minha vida equilibrada de mulher que não larga o osso. A boa fêmea que respeita a prole. E tudo mais caminhou: trabalho, distância e a velha crença de que amizade é sempre perto (mesmo não dando cara às vistas). Não te visitei em parto, em aniversário, em festa de pouco barato. Eu havia esquecido de te ver. E admito: era chato. E eu vivia também. Tanto que nem sei. E veio de novo um encontro que nem era encontro. A vida vai jogando com a gente. O tempo todo. E você estava sofrendo. Parecia recém-saído de um precipício, enlutado em martírio, um filme na clausura da mesmice. Eu não senti compaixão. Porque, a gente sabe, é tudo feito de começo e fim. Foi apenas mais uma promessa que acabou com os burros n'água: casa mobiliada, prestação paga e cama vazia. Entendo bem. E tudo isso passa. Ouvi dizer que agora você vive seus recreios. E você amadureceu. Ou talvez não. É pai de filhos, vinil em drama antigo e amigo da família. Sempre que nos falamos você sorri e diz que está bem buscando alguma paz. A mentira já perdeu as pernas de tão curta que ficou. E nada vai mudar o enredo porque meti a língua em falso beijo. Na verdade, eu lamento não ter tido a chance de dizer que eu sempre vi você. Antes. Lá no começo. Mas aí eu penso: Vai ver não era para ser dito. Nem vivido. Vai ver era só o meu gosto de princípios. E agora eu conto a história toda porque a vida é sempre nova trajetória. E eu encho a boca com o que tenho. Eu nunca tive receio. Porque eu sempre te vi como te vejo.




Letícia Palmeira
Blog Afeto Literário

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