30 dezembro, 2010

Happy new year!!!




O grande barato da vida é olhar para trás e sentir orgulho.
É viver cada momento e construir a felicidade aqui e agora.
Claro que a vida prega peças.
O bolo não cresce, o pneu fura, chove demais,
perdemos pessoas que amamos...
Mas, pensa só:
Tem graça viver sem rir de gargalhar, pelo menos uma vez ao dia?
Tem sentido estragar o dia por causa de uma discussão na ida pro trabalho?
Eu quero viver bem...E você?
2010 foi um ano cheio de coisas boas, mas
também de problemas e desilusões, tristezas e perdas,
reencontros... Normal...
2011 não vai ser diferente.
Muda o século, o milênio muda, mas o Homem
é cheio de imperfeições, a natureza tem sua personalidade
que nem sempre é a que a gente deseja, mas, e aí? Fazer o quê?
Acabar com seu dia? Com seu bom humor?
Com sua esperança?
O que eu desejo pra todos nós é sabedoria.
E que todos nós saibamos transformar tudo em uma boa experiência.
O nosso desejo não se realizou?
Beleza...
Não estava na hora, não deveria ser a melhor coisa para esse
momento (me lembro sempre de uma frase que ouvi e adoro:
'cuidado com seus sonhos, desejos, eles podem se tornar realidade').
Chorar de dor, de solidão, de tristeza, faz parte do ser humano...
Mas,se a gente se entender e permitir olhar o outro e o mundo com generosidade,
as coisas ficam diferentes.
Desejo para todo mundo esse olhar especial!
2011 pode ser um ano especial, se nosso olhar for diferente.
Pode ser muito legal, se entendermos nossas fragilidades e egoísmos e
dermos a volta nisso.
Somos fracos, mas podemos melhorar.
Somos egoístas,
mas podemos entender o outro.
2011 pode ser o máximo, maravilhoso, lindo, especial!
Depende de mim...
De você.
Pode ser...
E que seja!'


(Arnaldo Jabor)

"Que comece agora. E que seja permanente essa vontade de ir além daquilo que me espera. E que eu espero também. Uma vontade de ser. Àquela, que nasceu comigo e que me arrasta até a borda pra ver as flores que deixei de rastro pelo caminho. Que me dê cadência das atitudes na hora de agir. Que eu saiba puxar lá do fundo do baú, o jeito de sorrir pros nãos da vida. Que as perdas sejam medidas em milímetros e que todo ganho não possa ser medido por fita métrica nem contado em reais. Que minha bolsa esteja cheia de papéis coloridos e desenhados à giz de cera pelo anjo que mora comigo. Que as relações criadas sejam honestamente mantidas e seladas com abraços longos. E que seja DOCE tudo que tiver que ser."



Caio Fernando Abreu

27 dezembro, 2010


'Mas não me queixo.
O amor que sinto pelos outros
quase sempre é suficiente,
não precisa nem ter volta.'


Caio F. Abreu

26 dezembro, 2010






sabia que se você colocar o ouvido bem pertinho da concha a gente ouve o som do mar? 


parece que guarda o mar todinho dentro dela. 


- se você colocar o seu ouvido bem pertinho do meu peito também vai ouvir um som 


- estou ouvindo… o que é? 


- o som do amar… 


parece que guardo você todinha dentro de mim






Davi Drummond

Ser sensível nesse mundo requer muita coragem. Muita. Todo dia. Esse jeito de ouvir além dos olhos, de ver além dos ouvidos, de sentir a textura do sentimento alheio tão clara no próprio coração e tantas vezes até doer ou sorrir junto com toda sinceridade. Essa sensação, de vez em quando, de ser estrangeiro e não saber falar o idioma local, de ser meio ET, uma espécie de sobrevivente de uma civilização extinta. Essa intensidade toda em tempo de ternura minguada. Esse amor tão vívido em terra em que a maioria parece se assustar mais com o afeto do que com a indelicadeza. Esse cuidado espontâneo com os outros. Essa vontade tão pura de que ninguém sofra por nada. Esse melindre de ferir por saber, com nitidez, como dói se sentir ferido.

Ser sensível nesse mundo requer muita coragem. Muita. Todo dia. Essa saudade, que às vezes faz a alma marejar, de um lugar que não se sabe onde é, mas que existe, é claro que existe. Essa possibilidade de se experimentar a dor, quando a dor chega, com a mesma verdade com que se experimenta a alegria. Essa incapacidade de não se admirar com o encanto grandioso que também mora na sutileza. Essa vontade de espalhar buquês de sorrisos por aí, porque os sensíveis, por mais que chorem de vez em quando, não deixam adormecer a ideia de um mundo que possa acordar sorrindo. Pra toda gente. Pra todo ser. Pra toda vida.

Eu até já tentei ser diferente, por medo de doer, mas não tem jeito: só consigo ser igual a mim.


Ana Jácomo


Quero fim de ano, pés descalços na areia, a brisa do mar, fim de tarde tranquilo, música boa, sem relógio, despertador ou qualquer coisa que me mostre o tempo passando. Quero sair de noite olhar pro céu e ver estrelas, ter tempo pra ver como a lua é bela, observar pessoas, rir, chorar, pensar, viver, cantar, sentir. [..] Porque não morri. Porque é verão e eu quero ver, rever, transver, milver tudo que não vi..




Caio F.

21 dezembro, 2010

Vander Lee - Românticos

Românticos são poucos
Românticos são loucos desvairados
Que querem ser o outro
Que pensam que o outro é o paraíso
Românticos são lindos
Românticos são limpos e pirados
Que choram com baladas
Que amam sem vergonha e sem juízo


São tipos populares
Que vivem pelos bares
E mesmo certos vão pedir perdão
E passam a noite em claro
Conhecem o gosto raro
De amar sem medo de outra desilusão
Romântico é uma espécie em extinção
Românticos são poucos
Românticos são loucos

Como eu

Como nós


19 dezembro, 2010

Dolorido




Adeus, meu amor, logo nos desconheceremos. Mudaremos os cabelos, amansaremos as feições, apagarei seus gostos e suas músicas. Vamos envelhecer pelas mãos. Não andarei segurando os bolsos de trás de suas calças. Tropeçarei sozinho em meus suspiros, procurando me equilibrar perto das paredes. Esquecerei suas taras, suas vontades, os segredos de família. Riscarei o nosso trajeto do mapa. Farei amizade com seus inimigos. Sua bolsa não se derramará sobre a cadeira.Vou tirar a barba, falar mais baixo, fazer sinal da cruz ao passar por igrejas e cemitérios. Passarei em branco pelos aniversários de meus pais, já que sempre me avisava. As pombas sentirão mais fome nas praças. Meus dias serão mais curtos sem seus ouvidos. Não acharei minha esperança nas gavetas das meias. Seus dentes estarão mais colados, mais trincados, menos soltos pela língua. Ficarei com raiva de seu conformismo. Perderei o tempo de sua risada. A dor será uma amizade fiel e estranha. Não perceberei seus quilos a mais, seus quilos a menos, sua vontade de nadar na cama ao se espreguiçar. Vou cumprimentá-la com as sobrancelhas e não terei apetite para dizer coisa alguma.


Não olharei para trás, para não prometer a volta.

Não olharei para os lados, para não ameaçá-la com a dúvida. Adeus, meu amor, a vida não nos pretende eternos. Haverá a sensação de residir numa cidade extinta, de cuidar dos escombros para levantar a nova casa. Adeus, meu amor. Não puxaremos assunto com os garçons. Não receberemos elogios de estranhos sobre nossas afinidades. Não tocaremos os pés de madrugada. Não tocaremos os braços nos filmes. Não olharemos as vitrines em busca de presentes. O celular permanecerá desligado. Nunca descobriremos ao certo o que nos impediu, quem desistiu primeiro, quem não teve paciência de compreender. Só os ossos têm paciência, meu amor, não a carne, com ânsias de se completar. Não encontrará vestígios de minha passagem no futuro. Abandonará de repente meu telefone. Na primeira recaída, procurará o número na agenda. Não estava em sua agenda. Não se anota amores na agenda. Na segunda recaída, perguntará o que faço aos conhecidos. As demais recaídas serão como soluços depois de tomar muita água. Adeus, meu amor. Terá filhos com outros homens. Terá insônia com outros homens. Desviará de assunto ao escutar meu nome. Adeus, meu amor.



Carpinejar




"Eu estava parado no patamar da escada
quando ele me disse:
Tenho sete formas. Navegue.
Abraçou-me. Tinha cheiro de mar.
Do mar que não há nesta cidade.
Pedi que ficasse..."


(Caio F Abreu)

18 dezembro, 2010




“Tirar suas fotos de vista me pareceu uma providência curativa, agora você não o verá mais, querida, vai esquecê-lo mais rápido, como somos inocentes. E eu lá quero esquecê-lo? Sua presença ainda está tão quente dentro desse apartamento, o colchão ainda está meio afundado do lado em que você dormia.”



Martha Medeiros.

17 dezembro, 2010





Quero cobrir teu corpo de letras
até formar palavras

que minha boca não costuma dizer

Cida Pedrosa




Já não sei mais a diferença
de ti, de mim, da coisa perguntada,
do silêncio da coisa irrespondida”.


Cecília Meireles

13 dezembro, 2010






"Tem dor que vira companhia. Olhando de perto, faz tempo que deixou de doer, só tem fama, mas a gente não solta. Quem sabe, pelo receio de não saber o que fazer com o espaço, às vezes grande, que ficará desocupado se ela sair de cena. Vazio é também terreno fértil para novos florescimentos, mas costuma causar um medo inacreditável. Quando, finalmente, criou coragem e deixou de dar casa, comida e roupa lavada para a tal dor, ela desapareceu...."


Ana Jácomo

12 dezembro, 2010


Escuta, escuta:
tenho ainda uma coisa a dizer.
Não é importante, eu sei, não vai
salvar o mundo, não mudará
a vida de ninguém - mas quem
é hoje capaz de salvar o mundo
ou apenas mudar o sentido
da vida de alguém?
Escuta-me, não te demoro.
É coisa pouca, como a chuvinha
que vem vindo devagar.
São três, quatro palavras, pouco
mais. Palavras que te quero confiar,
para que não se extinga o seu lume,
o seu lume breve.
Palavras que muito amei,
que talvez ame ainda.
Elas são a casa, o sal da língua.



Eugénio de Andrade

11 dezembro, 2010






"Não te trouxe nenhum doce

nem presente, nenhum enfeite

Quero ter as mãos vazias

para o abraço.

Um grande abraço

maior que a noite

melhor que o dia."


Alice Ruiz



Que esta minha paz e este meu amado silêncio

Não iludam a ninguém
Não é a paz de uma cidade bombardeada e deserta
Nem tampouco a paz compulsória dos cemitérios
Acho-me relativamente feliz
Porque nada de exterior me acontece...
Mas,

Em mim, na minha alma,



Pressinto que vou ter um terremoto!








“Aquilo que é bom, 

e de verdade, 

e forte, 

e importante 

- coisa ou pessoa - 

na sua vida, 


isso não se perde.”


Caio Fernando Abreu.





"Abençoadas sejam



as surpresas risonhas do caminho. "



Ana Jácomo



E chega um momento em que você tem que escolher

entre virar a página ou

fechar o livro.

08 dezembro, 2010



Quanto tempo demora?



- perguntou ele.
- Não sei. Um pouco.
Sohrab deu de ombros e voltou a sorrir, desta vez era um sorriso mais largo.
- Não tem importância. Posso esperar. É que nem maçã ácida.
- Maçã ácida?
- Um dia, quando eu era bem pequenininho mesmo, trepei em uma árvore e comi uma daquelas maçãs verdes, ácidas. Minha barriga inchou e ficou dura feito um tambor. Doeu à beça. A mãe disse que, se eu tivesse esperado as maçãs amadurecerem, não teria ficado doente. Agora, quando quero alguma coisa de verdade, tento lembrar do que ela disse sobre as maçãs.


O Caçador de Pipas

05 dezembro, 2010




'Tenho um amor fresco e com gosto de chuva e raios e urgências. Tenho um amor que me veio pronto, assim, água que caiu de repente, nuvem que não passa. Me escorrem desejos pelo rosto pelo corpo. Um amor susto.Um amor raio trovão fazendo barulho. Me bagunça.E chove em mim todos os dias."



Caio F.



"Que te dizer? Que te amo, que te esperarei um dia na rodoviária, num aeroporto, que te acredito, que consegues mexer dentro-dentro de mim? É tão pouco. Não te preocupa. O que acontece é sempre natural - se a gente tiver que se encontrar, aqui ou na China, a gente se encontra. Penso em você principalmente como minha possibilidade de paz - a única que pintou até agora, “nesta minha vida de retinas fatigadas”. E te espero. E te curto todos os dias. E te gosto. Muito."



Caio Fernando Abreu


(...) Adeus. É maio. Dia desses vou contar para vocês como um maio pode enlouquecer alguém. Ou não, pois quem sabe eu resolva parar de escrever e livre todos dessa minha loucura. Mas se eu quiser também, invento um milhão de histórias. Desce mais vodca, sinto que posso construir o que eu bem entender com tudo isso que (não) aconteceu.

Hilda Hilst

Tudo isso dói.Mas eu sei que passa, que se está sendo assim é porque deve ser assim, e virá outro ciclo, depois.Para me dar força, escrevi no espelho do meu quarto: 'Tá certo que o sonho acabou, mas também não precisa virar pesadelo, não é? ' É o que estou tentando vivenciar.Certo, muitas ilusões dançaram - mas eu me recuso a descrer absolutamente de tudo, eu faço força para manter algumas esperanças acesas, como velas. Também não quero dramatizar e fazer dos problemas reais monstros insolúveis, becos-sem-saída.Nada é muito terrível. Só viver, não é?A barra mesmo é ter que estar vivo e ter que desdobrar, batalhar um jeito qualquer de ficar numa boa. O meu tem sido olhar pra dentro, devagar, ter muito cuidado com cada palavra, com cada movimento, com cada coisa que me ligue ao de fora. Até que os dois ritmos naturalmente se encaixem outra vez e passem a fluir.Porque não estou fluindo.


Caio F.


"É uma dor mais amena, quase imperceptível.

Talvez, por isso, costuma durar mais do que a ‘dor-de-cotovelo’

propriamente dita. É uma dor que nos confunde.

Parece ser aquela mesma dor primeira, mas já é outra. A pessoa que nos

deixou já não nos interessa mais, mas interessa o amor que sentíamos por

ela, aquele amor que nos justificava como seres humanos,

que nos colocava dentro das estatísticas: “Eu amo, logo existo”."


(Martha Medeiros)

04 dezembro, 2010




Por esses longes todos eu passei, com pessoa minha no meu lado, a gente se querendo bem. O senhor sabe? Já tenteou sofrido o ar que é saudade? Diz-se que tem saudade de idéia e saudade de coração…



Guimarães Rosa



"Olha bem na minha cara
e confessa que gostou.
Do meu papo bom
Do meu jeito são
Do meu sarro,
do meu som
Dos meus toques
pra você mudar"



Adriana Calcanhoto - Mulher sem razão

02 dezembro, 2010

E foi assim que você apareceu: tão repentinamente, na velocidade de uma estrela que viaja do oriente para o ocidente. Quando me dei conta você já estava aqui com mãos, afagos, beijos e mundos. O que fiz então foi corresponder à aquele seu olhar amendoado e decifrar o que ele queria me dizer. Para ser sincera, eu nem estava te esperando. Levava uma vida tão sossegada. Mas desde que você chegou comemoro cada pôr-do-sol. E quando anoitece e aparecem as primeiras estrelas, algo aqui dentro me move a dizer: Graças a Deus! Sim, porque as estrelas anunciam a sua chegada. E quando te encontro, no clarão da lua, o que mais quero é entregar-lhe o que guardei para você durante todo o dia: o meu melhor sorriso. E dele tenho feito estoque desde o primeiro instante em que meus passos cruzaram com os teus. Agora, algo me diz que daqui em diante será sempre assim: poesia, flores, brigadeiro, amores-perfeitos e beijos sem fim.


"Eis um grande segredo: só se vê bem com o coração. O Essencial é invisível aos olhos"


Exupéry

01 dezembro, 2010

Ponho-me a escrever teu nome

com letras de macarrão.

No prato, a sopa esfria, cheia de escamas

e debruçados na mesa todos contemplam

esse romântico trabalho.

Desgraçadamente falta uma letra,

uma letra somente

para acabar teu nome!

- Está sonhando? Olhe que a sopa esfria!

Eu estava sonhando…

E há em todas as consciências um cartaz amarelo

“Neste país é proibido sonhar.”



Carlos Drummond de Andrade

Quem gostou da Ideia