31 dezembro, 2011

Que neste novo ano....


 você




Obrigada por visitar meu espaço, deixo aqui todo meu carinho e meus votos de dias felizes neste ano novinho em folha que vamos inaugurar.


Vânia Andrade


30 dezembro, 2011

Se não deu certo....

Ilustração Jana Magalhaes
Se não deu certo
Apague e recomece
Esqueça o que ficou
Esqueça a culpa
A falta de plano
Esqueça a dúvida
O que foi quase engano


Apague e recomece


É sempre hora de mudar
De virar a página
E se reinventar


(Mesmo que doa, aprender não é um processo à toa).



Fernanda Mello

O que acontece no meio



Vida é o que existe entre o nascimento e a morte. O que acontece no meio é o que importa.

No meio, a gente descobre que sexo sem amor também vale a pena, mas é ginástica, não tem transcendência nenhuma. Que tudo o que faz você voltar pra casa de mãos abanando (sem uma emoção, um conhecimento, uma surpresa, uma paz, uma idéia) foi perda de tempo.

Que a primeira metade da vida é muito boa, mas da metade pro fim pode ser ainda melhor, se a gente aprendeu alguma coisa com os tropeços lá do início. Que o pensamento é uma aventura sem igual. Que é preciso abrir a nossa caixa preta de vez em quando, apesar do medo do que vamos encontrar lá dentro. Que maduro é aquele que mata no peito as vertigens e os espantos.

No meio, a gente descobre que sofremos mais com as coisas que imaginamos que estejam acontecendo do que com as que acontecem de fato. Que amar é lapidação, e não destruição. Que certos riscos compensam – o difícil é saber previamente quais. Que subir na vida é algo para se fazer sem pressa. Que é preciso dar uma colher de chá para o acaso. Que tudo que é muito rápido pode ser bem frustrante. Que Veneza, Mykonos, Bali e Patagônia são lugares excitantes, mas que incrível mesmo é se sentir feliz dentro da própria casa. Que a vontade é quase sempre mais forte que a razão. Quase? Ora, é sempre mais forte.

No meio, a gente descobre que reconhecer um problema é o primeiro passo para resolvê-lo. Que é muito narcisista ficar se consumindo consigo próprio. Que todas as escolhas geram dúvida, todas. Que depois de lutar pelo direito de ser diferente, chega a bendita hora de se permitir a indiferença. Que adultos se divertem muito mais do que os adolescentes. Que uma perda, qualquer perda, é um aperitivo da morte – mas não é a morte, que essa só acontece no fim, e ainda estamos falando do meio.

No meio, a gente descobre que precisa guardar a senha não apenas do banco e da caixa postal, mas a senha que nos revela a nós mesmos. Que passar pela vida à toa é um desperdício imperdoável. Que as mesmas coisas que nos exibem também nos escondem, que tocar na dor do outro exige delicadeza. Que o plantio é uma opção, mas a colheita é obrigatória.



Martha Medeiros

28 dezembro, 2011

Nosso medo de todos os dias

Tu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.

E então serás eterno.



Cecilia Meirelles

Meu amigo, essa é pra você


Que os meus instantes de egoísmo se desmanchem cada vez mais rápido. Que as minhas expectativas não sejam maiores do que a intenção de que o outro esteja tranquilo. Que a paz que ele possa experimentar seja sempre um perfume que acenda a minha alegria. Que o seu conforto seja também um motivo que continue inspirando os meus gestos mais doces e amigos. Que nenhum gesto meu aperte o seu coração, intimide o seu riso, acorde o seu medo, machuque a sua espontaneidade. Que as minhas vontades pequenas sejam dissipadas pela lembrança do quanto a sua felicidade me importa. Que ele saiba que, invariavelmente, pode contar comigo, nos tempos de celebração e na travessia das longas noites escuras. É dele também a minha mão. É dele também o meu abraço. É dele também a minha escuta. É dele também o meu olhar amoroso. É dele também os meus melhores sorrisos. Que ele entenda que eu não me desapontarei com a sua humanidade, com as suas dificuldades, com os seus territórios feridos, como, com o mesmo acolhimento, não me desaponto com os meus. Que tenha certeza de que eu quero muito que seja livre, saudável, contente; que seja. Que tudo aquilo que o preocupa, o desassossega, o faz sofrer, por Deus, seja logo transformado, assim como tudo o que o torna feliz seja mais e mais abençoado. Que alcance toda expansão que busca, todo voo que vislumbra, e possa sempre se lembrar de que é capaz de vencer os mais assustadores e impermanentes limites. Que quando todo dia acordar e deitar pra dormir, ele ouça eu dizer o seu nome baixinho nas minhas preces, e sorria por isso daquele jeito bonito. Que, não importa o tamanho da distância, nunca esqueça que o fato de existir mudou pra sempre a minha vida e que o mundo me pareceu muito mais bacana depois que descobri que existia. Que se saiba amado muito além do de vez em quando, do por causa de, do se. Que se sinta amado como é, não interessa com que cara a circunstância esteja. Que se sinta amado simplesmente porque é. Que tenha paz. Que tenha paz. Que tenha paz. Ah, é claro, que tenha paz e acesso à alegria mais sincera também. Amém.



Ana Jácomo in,
Uma Prece



22 dezembro, 2011

Manjedoura


“Nasceu-lhe então o menino, que era o seu primeiro filho. Envolveu-o em panos e deitou-o numa manjedoura, porque não conseguiram arranjar lugar na casa.” 
(Lucas 2,10 versão A Bíblia para todos, p. 2047)




Não havia uma bacia de água 
onde a jovem parturiente 
amaciasse os pés 
crespos da caminhada 

Não havia leito 
onde alongasse as pernas 
das horas moldadas 
ao dorso do jumento 

Não havia travesseiro 
em que desatasse a dor 
jugulada do parto 

Não havia linho fino 
para cingir os membros tenros 
do primeiro filho 
Não havia o anteparo 
de um berço de ouro 

Apenas havia umas faixas 
uma tiras de pano de saco rasgadas 
apenas sobrava uma manjedoura 
para hospedar a noite de feno 
do pequeno corpo amarantino 

Num estábulo 
na ponta mais longe da estrada 
aí onde os animais 
consolam as bocas 
foi disposto o pão vivo do céu


Rui Miguel Duarte

17 dezembro, 2011

Da natureza do sonho




Cultivei a semente da árvore também para os passarinhos, 
sem saber se vinham. 
Mesmo que não viessem, só por aguardá-los, 
eles já cantavam no meu coração.


Ana Jácomo

Nossas coisas



"(...) Os grandes amores são assim mesmo, eles nos dão o caminho da emoção, mas os sentimentos de verdade são apenas nossos, ninguém copia, ninguém leva, ninguém divide..."



Tati Bernardi.

14 dezembro, 2011

Re-pensando



Trocamos a cor dos cabelos, 
damos-lhes o melhor corte, 
e às vezes somos tão
resistentes em trocar alguns pensamentos, 
sem notar o quanto nos enfeiam. 
Colocamos óculos elegantes, lentes coloridas, 
mas nem sempre pomos no olhar um brilho de alegria de viver. 
Fazemos verdadeiros malabarismos para um rosto mais “bonito” 
e quase nunca lembramos de que uma expressão 
serena garantiria mais de meio caminho andado. 
Cuidamos dos dentes, “compramos” sorriso, 
mas bem raramente sorrimos 
espontaneamente como o homem simples e sem dentes 
ou a criança novinha. 
Fazemos musculação, ginástica localizada, “correção” de seios, 
mas com que pouca freqüência 
mostramos os reais sentimentos que levamos no peito! 
Obedecemos a rígidas dietas para ganhar ou perder peso, 
para sermos mais“elegantes”, 
mas não questionamos se somos uma presença leve e agradável. 
Baixamos o guarda roupa, compramos roupas novas, 
buscamos andar na moda, 
mas não nos desfazemos de alguns hábitos, 
costumes e crenças antigas 
que nada somam ao presente adquirido. 
Vamos para outra casa, renovamos a mobília, trocamos de carro, 
mas resistimos a mudar por dentro, 
não tiramos o que está “velho”, 
não damos novas direções ao nosso mundo interior. 
Mudamos nossas relações, 
trocamos de amigos e 
queremos que os amigos mudem 
para satisfazer nossas necessidades. 
Assim prosseguimos perdendo pessoas que 
poderiam ser bênçãos em nossas vidas. 
Não estará na hora de mudarmos a nós mesmos? 
Mais profundamente, mais amorosamente, 
e colhermos de graça 
frutos de sabedoria que existem à nossa disposição? 
Que grande aventura será mudarmos um pouco por dentro 
toda vez que mexermos no lado de fora! 
O Universo sempre apóia cada mudança bem feita. 
Com certeza mudanças são bem vindas e necessárias mas… 
necessário também que ocorram paralelamente à mudança interna. 
Será um novo desafio a cada novo dia! 
Quantas flores são empilhadas em um funeral 
e quantas flores a pessoa recebeu em vida? 
Prefiro receber uma rosa e uma palavra amiga de um(a) 
amigo(a) enquanto estou neste mundo, 
a um caminhão de coroas de flores 
quando eu me for. 
Alegria te mantém doce, desafios te mantêm forte, 
tristezas te mantêm humano, 
falhas te mantêm humilde, 
sucesso te mantém reluzente. 
Mas, somente amigos te mantêm em movimento! 


Desconheço Autoria

Natal Chegando








Não precisa muito





10 dezembro, 2011

Perseverança



Jogo a minha rede no mar da vida e às vezes, quando a recolho, descubro que ela retorna vazia. Não há como não me entristecer e não há como desistir. Deixo a lágrima correr, vinda das ondas que me renovam, por dentro, em silêncio: dor que não verte, envenena. O coração marejado, arrumo, como posso, os meus sentimentos. Passo a limpo os meus sonhos. Ajeito, da melhor forma que sei, a força que me move. Guardo a minha rede e deixo o dia dormir.
Com toda a tristeza pelas redes que voltam vazias, sou corajosa o bastante para não me acostumar com essa ideia. Se gente não fosse feita pra ser feliz, Deus não teria caprichado tanto nos detalhes. Perseverança não é somente acreditar na própria rede. Perseverança é não deixar de crer na capacidade de renovação das águas.
Hoje, o dia pode não ter sido bom, mas amanhã será outro mar. E eu estarei lá na beira da praia de novo.

Ana Jácomo

07 dezembro, 2011

Conta pra mim




Conta pra mim de onde a gente se conhece. De onde vem a sensação de que sempre esteve aqui, quando eu sei que não estava. Conta por que nada do que diz sobre você me parece novidade, como se eu estivesse lá, nos lugares que relembra, quando eu sei que não estive. Conta onde nasce essa familiaridade toda com os seus olhos. Onde nasce a facilidade para ouvir a música de cada um dos seus sorrisos. Onde nasce essa compreensão das coisas que revela quando cala. Conta de onde vem a intuição da sua existência tanto tempo antes de nos encontrarmos.


Conta pra mim de onde a gente se conhece. De onde vem o sentimento de que a sua história, absolutamente nova, é como um livro que releio aos poucos e, ao longo das páginas, apenas recordo trechos que esqueci. Conta de onde vem a sensação de que nos conhecemos muito mais do que imaginamos. De que ouvimos muito além do que dizemos. De que as palavras, às vezes, são até desnecessárias. Conta de onde vem essa vontade que parece tão antiga de que os pássaros cantem perto da sua janela quando cada manhã acorda. De onde vem essa prece que repito a cada noite, como se a fizesse desde sempre, para que todo dia seu possa dormir em paz.

Conta pra mim de onde a gente se conhece. De onde vem essa repentina admiração tão perene. De onde vem o sentimento de que nossas almas dialogavam muito antes dos nossos olhos se tocarem. Conta por que tudo o que é precioso no seu mundo me parece que já era também no meu. De onde vem esse bem-querer assim tão fácil, assim tão fluido, assim tão puro. Conta de onde vem essa certeza de que, de alguma maneira, a minha vida e a sua seguirão próximas, como eu sinto que nunca deixaram de estar.

Conta pra mim por que, por mais que a gente viva, o amor nos surpreende tanto toda vez que vem à tona.



Ana Jácomo (a magnífica)

06 dezembro, 2011

Meu olhar



Que, diante de cada beleza, 

o meu olhar inaugure detalhes,

ângulos, leituras, 

que passaram despercebidos no olhar anterior. 

Que eu me conceda a benção 

de ter olhos que não se fechem

ao espetáculo precioso da natureza, 

há milênios em cartaz,

com ou sem plateia. 

Quero aprender a ser cada vez mais maleável comigo 

e com os outros.

Desapertar a rigidez.

Rir mais vezes a partir do coração.


Ana Jácomo

Casey Abrams

Sabe daquelas surpresas gostosas do dia? Ele foi a minha. Descobri meio que sem querer essa voz . Ele me encantou com suas interpretações impecáveis. Foi "o cara"do American Idol 2011. Adorei!!!! Caso você não o conheça, selecionei as interpretações que mais me arrepiaram para compartilhar com quem gosta de música de verdade.










05 dezembro, 2011

Eu quero menos!





Menos preocupação.

Menos formalidade.

Menos nuvens no céu. 

Menos roupa. 

Menos encanação. 

Menos se levar a sério demais. 

Menos escritório. 

Menos cara feia. 

Menos despertador do lado da cama. 

Menos falta de tempo. 

Menos resolver tudo por email. 

Menos chapinha. 

Menos distância. 

Menos complicação. 

Ah, eu quero menos pra mim...e quer saber? 

Eu desejo o mesmo pra você!


(propaganda das havaianas - antiga)

03 dezembro, 2011

Seu apartamento é feliz?


Há uma regra de decoração que merece ser obedecida:
 para onde quer que se olhe, 
deve haver algo que nos faça feliz









Dia desses fui acompanhar uma amiga que estava procurando um apartamento para comprar. Ela selecionou cinco imóveis para visitar, todos ainda ocupados por seus donos, e pediu que eu fosse com ela dar uma olhada. Minha amiga, claro, estava interessada em avaliar o tamanho das peças, o estado de conservação do prédio, a orientação solar, a vizinhança. Já eu, que estava ali de graça, fiquei observando o jeito que as pessoas moram.

Li em algum lugar que há uma regra de decoração que merece ser obedecida: para onde quer que se olhe, deve haver algo que nos faça feliz. O referido é verdade e dou fé. Não existe um único objeto na minha casa que não me faça feliz, pelas mais variadas razões: ou porque esse objeto me lembra de uma viagem, ou porque foi um presente de uma pessoa bacana, ou porque está comigo desde muitos endereços atrás, ou porque me faz reviver o momento em que o comprei, ou simplesmente porque é algo divertido e descompromissado, sem qualquer função prática a não ser agradar aos olhos.

Essa regra não tem nada a ver com elitismo. Pessoas riquíssimas podem viver em palácios totalmente impessoais, aristocráticos e maçantes com suas torneiras de ouro, quadros soturnos que valem fortunas e enfeites arrematados em leilões. São locais classudos, sem dúvida, e que devem fazer seus monarcas felizes, mas eu não conseguiria morar num lugar em que eu não me sentisse à vontade para colocar os pés em cima da mesinha de centro.

A beleza de uma sala, de um quarto ou de uma cozinha não está no valor gasto para decorá-los, e sim na intenção do proprietário em dar a esses ambientes uma cara que traduza o espírito de quem ali vive. E é isso que me espantou nas várias visitas que fizemos: a total falta de espírito festivo daqueles moradores. Gente que se conforma em ter um sofá, duas poltronas, uma tevê e um arranjo medonho em cima da mesa, e não se fala mais nisso. Onde é que estão os objetos que os fazem felizes? Sei que a felicidade não exige isso, mas pra que ser tão franciscano? Um estímulo visual torna o ambiente mais vivo e aconchegante, e isso pode existir em cabanas no meio do mato e em casinhas de pescadores que, aliás, transpiram mais felicidade do que muito apê cinco estrelas. Mas grande parte das pessoas não está interessada em se informar e em investir na beleza das coisas simples. E quando tentam, erram feio, reproduzindo em suas casas aquele estilo showroom de megaloja que só vende móveis laqueados e forrados com produtos sintéticos, tudo metido a chique, o suprassumo da falta de gosto. Onde o toque da natureza? Madeira, plantas, flores, tecidos crus e, principalmente, onde o bom humor? Como ser feliz numa casa que se leva a sério?

Não me recrimine, estou apenas passando adiante o que li: pra onde quer que se olhe, é preciso alguma coisa que nos deixe feliz. Se você está na sua casa agora, consegue ter seu prazer despertado pelo que lhe cerca? Ou sua casa é um cativeiro com o conforto necessário e fim?

Minha amiga ainda não encontrou seu novo lar, mas segue procurando, só que agora está visitando, de preferência, imóveis já desabitados, vazios, onde ela possa avaliar não só o tamanho das peças, a orientação solar, o estado geral de conservação, mas também o potencial de alegria que os ex-moradores não souberam explorar.



Martha Medeiros
Zero Hora
publicado em 24/01/2010




02 dezembro, 2011

Recomeço




Não é preciso agendar, entrar em fila, contar com a sorte, acordar cedo para pegar senha: a possibilidade de recomeço está disponível o tempo todo, na maior parte dos casos. Não tem mistério, ela vem embrulhada com o papel bonito de cada instante novo, essa página em branco que olha pra gente sem ter a mínima ideia do que escolheremos escrever nas suas linhas.

O que é preciso mesmo é ter coragem para abrir o presente.




Ana Jácomo


Entrega




Despir uma peça e outra da ansiedade, deixar o tempo das coisas fluir em paz, afrouxar a ideia fixa um pouquinho, diminuir o volume da barulheira mental, mudar o destino do foco só pra variar, mesmo que nem dure muito, costuma criar um lugar de descanso aprazível e reparador na vida da gente.

Quando não há mais nada que possamos fazer para tentar modificar algumas circunstâncias, o que existe de mais confortável no mundo é a liberdade da entrega e a coragem da aceitação de que as coisas possam ser simplesmente como são. 



Ana Jácomo

01 dezembro, 2011

Speak Low


Speak low when you speak, love...


Da saudade o que fica




Ausência física, 

ausência da voz e do cheiro,

das risadas e do piscar de olhos,

saudade da amizade que ficará na lembrança

e em algumas fotos.



Martha Medeiros

A Rosa do Povo






É noite. Sinto que é noite
não porque a sombra descesse
(bem me importa a face negra) 
mas porque dentro de mim, 
no fundo de mim, o grito 
se calou, fez-se desânimo. 
Sinto que nós somos noite, 
que palpitamos no escuro 
e em noite nos dissolvemos. 
Sinto que é noite no vento, 
noite nas águas, na pedra. 
E que adianta uma lâmpada? 
E que adianta uma voz? 
É noite no meu amigo. 
É noite no submarino. 
É noite na roça grande. 
É noite, não é morte, é noite 
de sono espesso e sem praia. 
Não é dor, nem paz, é noite, 
é perfeitamente a noite. 

Mas salve, olhar de alegria! 
E salve, dia que surge! 
Os corpos saltam do sono, 
o mundo se recompõe. 
Que gozo na bicicleta! 
Existir: seja como for. 
A fraterna entrega do pão. 
Amar: mesmo nas canções. 
De novo andar: as distâncias, 
as cores, posse das ruas. 
Tudo que à noite perdemos 
se nos confia outra vez. 
Obrigado, coisas fiéis! 
Saber que ainda há florestas, 
sinos, palavras; que a terra 
prossegue seu giro, e o tempo 
não murchou; não nos diluímos. 
Chupar o gosto do dia! 
Clara manhã, obrigado, 
o essencial é viver! 



Carlos Drummond de Andrade 



Se cuida



E eu digo sempre no final de cada conversa: 
“Te cuida, meu bem” 
com vontade de dizer: 
“Me cuida, por favor, pois meu eu está em você.”


Caio Fernando Abreu







“Loucura foi permitir 
que nos déssemos às costas 
por pura impaciência 
de desvendarmos os caminhos.”

Fabrício Carpinejar

=/





“O ministério da saúde adverte: 


ler muito romance faz a gente ver amor onde não tem.”



Verônica Heiss




“A gente precisa ter alguém que a gente possa cuidar e que cuide da gente também. O nome disso é sobrevivência. Mas se você coloca um encantamento nesse pensamento, aí já não é mais sobrevivência, é amor…”



Filme: Cilada.com

Receita Infalível


“Engole teu coração e se ama por dentro”









Caio Fernando Abreu

O Livro dos Dias






“Meu coração não quer deixar 

meu corpo descansar…”






Legião Urbana

Empatia



“Empatia é quando conversamos com alguém pela primeira vez e parece que conhecemos a pessoa a vida inteira.”








Fabrício Carpinejar

Simples e feliz, é isso =))



“No fundo, mesmo lendo tanto, pensando tanto e filosofando tanto, a gente gosta mesmo é de quem é simples e feliz. A gente não se apaixona por quem vive reclamando e amassando jornais contra a parede. A gente se apaixona por esses tipinhos banais que vivem rindo. E a gente se pergunta: que é que ele tem que brilha tanto? Que é que ele tem que quando chega ofusca todo o resto?”







Tati Bernardi.

Eu, por dentro...



“Se você perceber qualquer tipo de constrangimento, não repare, eu não tenho pudores mas, não raro, sofro de timidez. E note bem: não sou agressiva, mas defensiva. Impaciente onde você vê ousadia. Falta de coragem onde você pensa que é sensatez. Mas mesmo assim, sempre pinta um momento qualquer em que eu esqueço todos os conselhos e sigo por caminhos escuros. Estranhos desertos.”










Martha Medeiros.

Silêncio




“O silêncio responde 

até mesmo aquilo que não foi perguntado.”



 Caio Fernando Abreu.

Irremediável

[...]
Eu não caibo no estreito, 
eu só vivo nos extremos.

[...]
O que tenho de mais obscuro, 
é o que me ilumina. 
E a minha lucidez é que é perigosa ... 
Se eu pudesse me resumir, 
diria que sou irremediável!































Clarice Lispector





Viver e ponto


Quem gostou da Ideia