10 fevereiro, 2011

Ah, um soneto

Meu coração é um almirante louco 
que abandonou a profissão do mar 
e que a vai relembrando pouco a pouco 
em casa a passear, a passear ... 

    

No movimento (eu mesmo me desloco 
nesta cadeira, só de o imaginar) 
o mar abandonado fica em foco 
nos músculos cansados de parar. 


Há saudades nas pernas e nos braços. 
Há saudades no cérebro por fora. 
Há grandes raivas feitas de cansaços. 


Mas — esta é boa! — era do coração 
que eu falava... e onde diabo estou eu agora 
com almirante em vez de sensação? ...






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