08 março, 2011



Bati no portão do tempo perdido, ninguém atendeu. Bati segunda vez e mais outra e mais outra. Resposta nenhuma. A casa do tempo perdido está coberta de hera pela metade; a outra metade são cinzas. Casa onde não mora ninguém, e eu batendo e chamando pela dor de chamar e não ser escutado. Simplesmente bater. O eco devolve minha ânsia de entreabrir esses paços gelados. A noite e o dia se confundem no esperar, no bater e bater. O tempo perdido certamente não existe. É o casarão vazio e condenado. 


Carlos Drummond de Andrade

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Quem gostou da Ideia