28 junho, 2011

Um jeito de prece



Com gentileza, abrando os meus ruídos. Diminuo o volume da tagarelice exaustiva dos pensamentos. Permito que a minha respiração se acalme até ficar macia. Sinto o meu coração com o contentamento de quem reencontra um amigo muito querido. Começo a visualizar um lugar bem bonito. Desenho nele árvores e plantas, utilizando diferentes combinações de cores e tamanhos para suas folhas, flores e frutos. Desenho rios, lagos, cachoeiras, e também montanhas e pedras de vários tons e formatos. Pinto o céu com o azul mais vivo que pulsa na minha memória e solto nele pássaros das mais variadas espécies.

(...)Retiro de uma caixa cheia de delicadezas o pote que contém a mistura dos sons e perfumes que se harmonizam, em freqüência, com o que eu já criei. Abro a tampa do pote, jogo essa mistura mágica no ar e acendo tudo com os acordes e o cheiro da paz.

(...)Antes de ir embora, olho mais uma vez para esse lugar que criei, para onde posso retornar sempre que quiser. Para descansar dos desafios cotidianos. Para me perfumar com essa paz. Para me banhar com essa luz. Podemos escolher o que queremos criar. Onde demoramos mais os nossos olhos. Com o que alimentamos o nosso coração. O que propagamos sutilmente no mundo.

Ver, com amor, também é um jeito de prece.


Ana Jácomo

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