10 setembro, 2011

Não deveria se chamar amor




O amor que eu te tenho é um afeto tão novo
Que não deveria se chamar amor
De tão irreconhecível, tão desconhecido
Que não deveria se chamar amor


Poderia se chamar nuvem
Porque muda de formato a cada instante
Poderia se chamar tempo
Porque parece um filme a que nunca assisti antes
Poderia se chamar labirinto
Porque sei que não conseguirei escapulir
Poderia se chamar aurora
Pois vejo um novo dia que está por vir


Poderia se chamar abismo
Pois é certo que ele não tem fim
Poderia se chamar horizonte
Que parece linha reta, mas sei que não é assim


O amor que eu te tenho é um afeto tão novo
Que não deveria se chamar amor
De tão irreconhecível, tão desconhecido
Que não deveria se chamar amor

Poderia se chamar primeiro beijo
Porque não lembro mais do meu passado
Poderia se chamar último adeus
Porque meu antigo futuro foi abandonado
Poderia se chamar universo
Porque sei que não o conhecerei por inteiro


Poderia se chamar palavra louca
Que na verdade quer dizer aventureiro
E poderia se chamar silêncio
Porque minha dor é calada e meu desejo é mudo


E poderia simplesmente não se chamar
Para não significar nada e dar sentido a tudo



Paulinho Moska

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