17 abril, 2012

Mais que laços, nós




Há uma beleza toda única em dividir. Partilhar. Sorver presença e contiguidade. Em meio ao materialismo mais ensandecido, o maior tesouro é ter com quem criar experiências, laços. Alguém que, assim, sem maiores interesses, tome partido de nossas vitórias e perdas, mas que também se ocupe de aproveitar conosco as coisas mais bobas e corriqueiras. Amigos. Esses seres insondáveis que chegam junto nas tempestades e nas horinhas de descuido. Essas criaturas fantásticas com quem a gente desfia conversas de uma vida inteira. Esses gêmeos perdidos cujas afinidades mais várias nos obrigam a cair de amores. Essas surpresinhas inusitadas, cujas diferenças a gente ama, mas usa pra fazer piada com trollagem de amor. Amigo de verdade desconhece formalidades. Te xinga, te pede favor sem cerimônias, te liga na pior hora pra chorar as tristezas, ri das tuas incoerências sem medo de soar grosseiro ou insensível. Arreganha a porta da tua intimidade, entra, senta e toma um café. Ao lado, em outra cidade, por trás de uma tela, dentre as linhas de uma correspondência; amigos de infância, amigos de colégio, amigos que montam uma banda, amigos distantes, amigos até de blogs (ou virtuais que são bem reais) – elas tornam o fardo mais leve, a vida mais doce, as conquistas mais empolgantes. Bem podiam chamar-se heróis. 






Texto de Aline Aimée.

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