Uma palavra.
Disse-a. Amo-te -
uma palavra breve.
Quantos milhões de palavras eu disse
durante a vida.
E ouvi. E pensei. Tudo se desfez.
Mas houve uma palavra - meu Deus.
Uma palavra que eu disse e repercutiu em ti,
palavra cheia, quente de sangue, palavra vinda das vísceras,
da minha vida inteira,
do universo que nela se conglomerava, palavra total. (...)
Uma palavra.
A primeira que em toda a minha vida me esgotou o ser.
A que foi tão completa e absorvente, que tudo o mais foi um excesso na criação.
Deus esgotou em mim, na minha boca, todo o prodígio do seu poder.
Ao princípio era a palavra. Eu a soube.
E nada mais houve depois dela.
Uma palavra. Amo-te.
[Vergílio Ferreira, in “Para Sempre”,1983]
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