15 novembro, 2013

Eu estou te segurando....



Andar de mãos dadas é dizer silenciosamente “eu estou te segurando, pode vir sem medo”. É repetir nas madrugadas enquanto voltamos para a casa depois da festa, que estamos inteiros e juntos, e sentir que isso é o bastante para dormir em paz. Já o amor que solta as mãos muito depressa é do tipo frágil que o próximo vento que dobrar a esquina levará embora sem deixar rastro. Se o amor soltar a tua mão ao atravessar uma rua, despeça-se antes que ele o faça e a dor seja tão grande que renderá lágrimas e anos inteiros sem primaveras. Quem solta das mãos por qualquer bobagem, não está mais junto faz tempo.
Mãos dadas são corações em sintonia e pensamentos que se constroem juntos naturalmente. É impossível segurar tão firme as mãos de alguém se não houver um sentimento forte envolvido, e segurar a mão do outro carrega uma responsabilidade tão grande quanto uma promessa. Se você for, eu vou. Se você fica, eu fico. E não soltaremos as mãos porque estamos juntos. As mãos dadas funcionam como uma aliança entre duas pessoas que se importam e que escolheram – independente da estrada – seguir a mesma direção.
Quando as mãos se soltam ou apenas alguns dedos se tocam tão somente por costume, é porque não há mais companheirismo ou harmonia. O amor deixou de querer estar ali, presente e inteiro. Mãos que se soltam por conta de um simples poste na calçada, não suportariam juntas nada além de um pouco que concreto. E do que vale um amor que não teria forças nas mãos para impedir a dor ou para empurrar o medo para longe?
Caminhar de mãos dadas é dizer sem palavras que aceitamos ocupar o mesmo espaço e que saltaremos juntos os mesmos obstáculos. Mãos dadas burlam a covardia. É como se um acreditasse na coragem que o outro possui e se sentisse seguro a partir dali. Dar as mãos é provocar a imaginação do outro e mantê-la por perto, é pousar os pensamentos e interromper distrações. Só andam de mãos dadas aqueles que realmente querem caminhar ao lado, jamais um à frente ou atrás. Andar de mãos dadas depois de uma briga é confessar que somos fortes o bastante para não deixar que a primeira onda nos derrube, que o primeiro vendaval nos leve, que a primeira insônia destrua todas as boas noites de sono seguro e tranquilo. Segurar as mãos do outro é dar amparo constante, e contar lentamente como é bom que o outro esteja ali, simplesmente existindo.
Dar as mãos é entregar ao outro a certeza de que nada no mundo será tão pesado que não possa ser carregado por duas pessoas que se querem bem. É algo sério, intenso e respeitoso, é como um abraço que acontece com uma parte só do corpo, que deixa a sua vida à disposição do outro ali, ao alcance da palma da mão. Quando o amor é verdadeiro e quando o sentimento é puro andamos de mãos dadas, mesmo em silêncio. Como se todas as palavras de amor viessem junto desse simples gesto, destruindo todo o lado mais gelado do Universo.

Escrito por | Camila Heloíse

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